quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Por falar em Natal...
Luiz Maia

Ao lado de minha casa morava um casal de velhinhos - Dr. Alcides e dona Adélia. Trabalhava para eles um homem chamado José. Seu apedido era Zé Grande. Morava com eles em um casarão com árvores frutíferas, no bairro de Água Fria. Estatura mediana, negro dos dentes bem alvos, ele gostava de ajudar as pessoas e até passava por alcoviteiro. Era comum vê-lo a levar recados dos meninos para as meninas. Fazia isso para se divertir, sempre com um sorriso nos lábios. Dele escutei bastante dizer que não queria ver nenhuma moça morrer no caritó. Zé Grande tratava as pessoas com muita atenção, embora às vezes extrapolasse dando uma de xeleléu. Isso lhe custara o apelido de corta-jaca dado por sua patroa, a finada e sisuda Adélia Barreto. Ele era um homem feliz. Usava um anel tinindo de novo no dedo médio da mão esquerda. Se alguém olhasse para sua joia ele logo assoprava dizendo que era de ouro puro de 18 quilates. E não parava mais com aquela ladainha. Ele era assim.

 
Nunca vi Zé Grande amuado, chocho num canto da casa calado. Ao contrário, ele seguia a vida todo ancho, às vezes gritando de contente e feliz. Difícil não o ver alvoroçado, espivitado, correndo em direção à banca "A Sorte", no largo de Água Fria. Não deixava de fazer, por nada, a fezinha no jogo do bicho. Ele apostava todo o dia no milhar 2572. Depois corria na venda de seu Bento para comprar carne e verdura para o almoço. Na volta parava em frente de nossa casa e gritava, em alto e bom som: Dona Lourdes, bom-dia! Precisa de mim para alguma coisa? Mamãe respondia: Obrigada, Zé Grande! Peço somente para você entrar e conversar um pouquinho com a gente. Tudo bem, vou deixar esse catatau de compras em casa e volto assim que terminar. Não demorava muito e lá vinha ele sorrindo com as duas pernas das calças levantadas, deixando à mostra dois cambitos que não causavam inveja em ninguém. Antes do almoço mamãe sempre convidava Zé Grande para almoçar conosco. Mas ele dizia: Oxente dona Lourdes, vôte! Muito obrigado! E saía de fininho dizendo preferir comer sua gororoba. Talvez por isso sua aparência meio guenza. Mas nada tirava dele a alegria pela vida.

 
Ao falar dele eu me lembro dos momentos que antecediam o período das Festas Natalinas. Ruas cheias de lâmpadas e luzes faziam brilhar os adereços da época; músicas tocando nas rádios, e nas lojas os apelos consumistas lembrando o Natal. Eu aguardava ansioso a chegada do Natal e com ele a alegria de ver Papai Noel. Ele existia. Morava vizinho a mim. Antes de chegar o Natal, Zé Grande não perdia os Pastoris. E na noite do dia 24 de dezembro me vinha uma vontade imensa de ver Papai Noel. Na véspera de Natal Zé Grande batia lá em casa vestido com os trajes do bom velhinho. Roupa vermelha surrada, a barba branca não passava de um arranjo feito com algodão e as velhas botinas pretas estavam maltratadas e sujas. O saco nas costas trazia um monte de papel e jornais velhos que ele guardava de um ano para outro na petisqueira da sala de jantar.

Sua figura causava a maior alegria. Desse jeito aquele homem bom se achegava vindo em nossa direção. Ao entrar em casa dizia mais ou menos assim: Bendito seja nosso Senhor Jesus Cristo! E ele mesmo respondia: Para sempre seja louvado! Em seguida ele tirava dos bolsos bombons de menta e café para distribuir com as crianças. Depois de sua apresentação ele passava a contar estórias de trancoso noite adentro. Em sua face havia a mesma alegria pura que cativava a todos que o conheciam.

Eu acredito que a época mais feliz de minha vida foi aquela em que eu ainda acreditava em Papai Noel. Eu era um menino puro, ingênuo e achava que no mundo só existiam pessoas boas e generosas iguais a Zé Grande. Na minha mente não havia espaço para encontrar pessoas ruins. Mas o tempo passou até que um dia soubemos que ele havia morrido. Não deixou mulher nem filhos. Somente saudade entre aqueles que tiveram a sorte de conviver por muitos anos ao seu lado. Quanta saudade do bom Papai Noel! O melhor de todos os papais-noéis que encontrei foi sem dúvida o meu amigo Zé Grande. Dele eu sinto saudade até hoje.

Luiz Maia
Literatura & Opinião! (Blog pessoal)
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Autor dos livros "Veredas de uma vida", "Sem limites para amar", "Cânticos", "À flor da pele" e "Tamarineira - Natureza e Cidadania. Recife-PE.



terça-feira, 3 de dezembro de 2013

O acidente - 8 de dezembro de 1973
Por Luiz Maia *

No domingo, 8 de dezembro de 2013, completo quarenta anos caminhando sobre rodas. Naquela data fui atingido na cabeça por um tiro de arma de fogo. Segundo eu soube, fora um amigo bêbado que me acertara sem querer. Mas do passado eu quero mais é recordar o tempo em que os palhaços eram a fonte límpida de minha mais pura alegria. Os de agora não me fazem rir.

Naquela sexta-feira à noite de 1973, eu fiquei entre a vida e a morte... Internado no Real Hospital Português, fui submetido a uma delicada intervenção cirúrgica que durou mais de oito horas. O pátio do RHP estava repleto de pessoas, todas querendo saber de mim. Eu, sem querer, fazia muita gente sofrer. Os meus pais estavam arrasados, inconsoláveis, tristes...

Esse acidente me fez conhecer um mundo completamente diferente. Logo eu aprendi a conviver com uma triparesia (diminuição dos movimentos no andar), sequela que carrego comigo até hoje. Após o impacto dos primeiros meses, vieram as dores da alma, as dúvidas com relação ao amanhã. A escuridão e a interrogação caminhariam comigo por um longo tempo...

Aprendi, com os meses, que a palavra "calma" seria a eterna resposta para minhas repetidas perguntas - "Doutor, quando eu voltarei a andar?" - "Calma, meu rapaz, tenha bastante calma..." É duro... mas fazer o quê? Quando passamos por um grande problema, restam-nos poucas saídas. Entre se maldizer e reaver a vontade de viver eu fiquei com a segunda opção. Afinal de contas, a vida é uma sucessão de escolhas.
 
Ao sair do hospital, pela primeira vez, eu chegava em minha casa sem as minhas pernas, andando pelas mãos de irmãos e amigos. Sentado numa poltrona na sala de visitas, com todo o tempo do mundo para aproveitar, pela primeira vez percebi como era bonita a cerâmica de nossa casa. Antes eu só a pisava, grosseira e distraidamente. Agora me sobrava tempo para admirar o belo, mesmo à custa de perdas e de sofrimentos. É a recompensa às avessas, mas não deixa de ser interessante por isso.
 
O começo foi difícil. Passei um ano com vergonha de encarar as pessoas. Fugia de todos. Eu preferia estar em minha casa, no silêncio do terraço e ao lado da minha mãe. Assim eu me sentia protegido. Às vezes o sentimento de culpa me invadia pelo fato de causar sofrimento aos meus pais. Minha mãe já não tinha o mesmo brilho no olhar, expressava amor, em forma de angústia e compaixão.

O tempo passou sem que eu me acostumasse com a ausência dos amigos. Nem sempre conseguimos entender esse tipo de silêncio. Talvez seja isso. Acostumados com a presença e as palavras, quando eles silenciam nos assustam. Esquecemo-nos que também no silêncio a amizade se mantém viva. É difícil conceber que às vezes precisamos aprender a viver sozinhos, curtir a solidão que nos ensina a necessidade de ouvir mais vezes o silêncio que vem de nossas almas. Sem essa introspecção diária fica difícil resolver certas questões.

Eu faço esse comentário com vocês por me sentir útil e feliz! Há bastante tempo eu me sinto uma pessoa melhor, um homem de bem com a vida, em todos os aspectos. Hoje eu agradeço pelas amizades que conquistamos ao longo dos anos, muitas das quais por meio do contato virtual. Essa vontade em traduzir meus sentimentos em palavras vem e volta e eu ensaio uns versos sem a preocupação de produzir, mas de dizer tudo aquilo que eu vivi e estou vivendo. Minha inspiração vem de momentos de sonhos, de instantes de paz, de momentos de saudade, mas de pura alegria e contentamento.

Eu levei a vida inteira me equilibrando em cima de uma navalha: de um lado a vida, do outro a morte. Uma força estranha, que eu não sabia explicar a razão, sempre soprava a meu favor, empurrando-me para a vida! Eu precisava estimular o meu lado fraco a continuar insistindo em poder um dia ser forte. Mesmo incrédulo, por instantes, eu precisava mentir para mim mesmo e assim poder fazer valer a obstinação que em mim vivia adormecida. Garanto que é realmente isso! Sem tirar nem pôr!

Luiz Maia *
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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Sem asas para voar
Por Luiz Maia

Caminhar trôpego, olhar distante, voz e mãos trêmulas. Sinais da velhice, um amanhã que chega silenciosamente sem que nos apercebamos. A vida vai se despedindo daqueles que um dia nos pegaram no colo, educaram, alimentaram. É o momento em que vemos nossos pais voltando a ser crianças, dependendo do amparo e da ajuda dos filhos para as mais básicas atividades do cotidiano.
Como eu sinto saudade dos tempos de minha infância! Época feliz em que a família se reunia à mesa à hora das refeições. Meu pai à cabeceira, meus irmãos lado a lado, minha mãe servindo a todos, com carinho, doçura e um sorriso sempre presente na face. Ainda criança, não tinha consciência do quanto de sacrifício representa a árdua tarefa de ser pai, de ser mãe. Eles se desdobraram para dar o melhor aos sete filhos: boas escolas, alimentação de qualidade, disciplina, princípios, limites e, principalmente, muito amor.
Hoje só me resta aceitar que é imperativo trocarmos os papéis. Tenho que segurar as mãos e ajudar a quem tanto fez por mim. Quando a velhice chega e o cansaço bate à porta, os pais perdem a autonomia de cuidarem de si mesmos. Tirá-los da cama, dar-lhes um simples banho, mudar-lhes as roupas e, se possível, servir-lhes a comida, serão tarefas básicas de uma nova rotina para os filhos. Temos que compreender como age o fluxo natural da vida. Saber que o tempo passa e com ele se vão a vitalidade e a saúde.
Dói vê-los assim. Outrora eram nossa fortaleza. Agora são frágeis e indefesos. Restam-lhes apenas as lembranças dos momentos felizes de sua juventude e maturidade. Recordam-se do almoço aos domingos, das brincadeiras infantis, das aventuras adolescentes, dos primeiros netos. E nesse exato momento alguns deles gostariam de ter asas para voar...
Luiz Maia
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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O País tem pressa em mudar

Por Luiz Maia

São notórios os descaminhos de um país que poderia ser uma das mais belas pátrias do mundo. O Brasil passa por uma grave crise de caráter. É inegável a falta de ética nos poderes públicos, a perda de valores sem precedentes na história.

Nossas instituições estão sendo aparelhadas de forma irresponsável por um partido que tem fome de cargos e gana de poder. Inclusive o ex-presidente Lula criticou o PT por essa prática, em recente entrevista ao "El País". O sentimento esquerdista, que norteia os passos do governo, é ultrapassado e fere os interesses da Pátria. A sociedade não aceita mais este modelo corrupto de se fazer política, sendo que o loteamento de cargos não deixa de ser uma ilicitude. O povo não suporta mais ver o cinismo na face de parlamentares, nem assistir a mais escândalos, calado. A população foi às ruas dizer que não quer mais ser governado por quem não tem competência nem credibilidade.

O momento político não pode ser analisado por simples teses acadêmicas, nem por meio de discursos etílicos proferidos por falsos salvadores da pátria. A realidade impõe dizer que o Estado brasileiro não suportaria renovar o mandato de um governo que há 12 anos suprime nossos melhores valores, em nome de uma ideologia antiquada, visando um projeto nocivo de permanência eterna no poder. Eles já tiveram a chance de acertar, mas, infelizmente, deixaram-se levar por ações nada republicanas, tampouco compatíveis com sua história quando na oposição, esquecendo-se de honrar com a palavra em praça pública, angariando assim a descrença do eleitorado brasileiro.

O Brasil tem pressa em mudar. Recentemente o governador do estado de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), entregou os cargos do seu partido ao governo Dilma. No início de outubro Marina Silva resolveu filiar-se ao PSB, aderindo ao projeto de Eduardo Campos de candidatar-se ao Planalto em 2014, causando o mais importante e estimulante fato político dos últimos anos. Ninguém pode negar que Eduardo Campos tem demonstrado competência em gerir os destinos de Pernambuco, sendo este um importante fator que o credenciou a ser o governador mais bem avaliado nas pesquisas de opinião publicadas na imprensa.

Seria interessante o Brasil ter na presidência alguém à altura de nos representar. Um Estadista que venha honrar o cargo, que dê bons exemplos, mostrando aos brasileiros que é possível assumir a presidência baseado na competência e na honestidade. Diferente dos que não honram a palavra, que enganam o povo, que roubam com desfaçatez, enganando os incautos e humildes. Que novas perspectivas surjam no horizonte, eliminando nuvens escuras que pairam sobre nós, trazendo consigo propostas efetivas visando planejar nosso país de maneira séria e responsável. É preciso mudar pra valer, para recolocar o Brasil nos eixos.

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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Angélica, Marcos e os "embargos infringentes"...

Por Luiz Maia
Infelizmente a discriminação social persiste durante séculos no Brasil. E, quando se trata de se fazer justiça, chega a ser cruel a desigualdade.

No dia 16 de novembro de 2005, em São Paulo, a Justiça condenou a empregada doméstica Angélica Aparecida, 19 anos, a quatro anos de prisão, por tentar roubar um pote de manteiga de R$ 3,20. Ao ver o filho chorando de fome, foi a um supermercado e escondeu a manteiga em um boné. Nos meados do ano de 2005, a Justiça descobriu em Pernambuco um homem cumprindo pena irregularmente. Ele fora condenado a mais de trinta anos de detenção por um crime que não cometeu. Marcos passou preso vinte e quatro anos. Na prisão, o pobre homem contraiu doenças, vindo a ficar cego por conta de uma bomba de gás lacrimogêneo quando a polícia reprimia uma rebelião. Após ser solto, foi orientado a entrar com uma ação contra o Estado por perdas e danos. Por ironia, no dia marcado para receber o dinheiro, o pobre homem morreu. Tanto Angélica quanto Marcos não foram contemplados com o artifício dos nocivos "embargos infringentes"...

Fiz questão de relacionar os dois casos para juntar ao cardápio de injustiças que são cometidas diariamente no Brasil, notícias que chegam à imprensa no País que se orgulha em manter o nefasto ciclo da impunidade vigente, uma vergonha atroz que corrói os pilares de nossa suposta democracia.
 
Ainda não foi desta vez que o brasileiro viu a Corte Suprema brasileira fazer Justiça. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, ao desempatar a favor de um novo julgamento para os condenados no "escândalo do mensalão", adiou o desfecho do processo, ratificando a desdita de que somos de fato o "País da impunidade". Não é outra a impressão causada. Viver neste país requer uma dose diária de paciência. O homem comum já percebeu que o sujeito que resolve ser político em pouco tempo está milionário, famoso por sua esperteza, sendo bastante exaltado nos mais altos ambientes sociais do país. Definitivamente aqui não é lugar para o cidadão honesto, quem procura pautar suas ações com ética e honradez.
 
Alguma coisa me move a perguntar: por acaso os cinco ministros que anteriormente votaram contra os "embargos infringentes", desconhecem as leis vigentes do país? Teria algum magistrado agido de má fé, ou são os cinco ministros despreparados? Claro que não! A sociedade não aceita esse tipo de "apartheid" social, haja vista a necessidade de sermos todos tratados com isonomia, conforme reza na Constituição do nosso País. No Brasil não se produz justiça para os grandes ladrões da Pátria. O brasileiro acostumou-se a conviver com as injustiças das elites dirigentes que ignoram o sofrido dia-a-dia do trabalhador brasileiro, quem paga imposto corretamente, quem é decente e que trilha sua vida pelos caminhos da honestidade. O que fica é a certeza de que os gritos por justiça jamais alcançarão os seus ouvidos, cobrando melhoras nos serviços públicos, o fim da corrupção e dos malefícios provenientes da impunidade. Que pena, Celso de Mello!

Luiz Maia
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"É preciso entender que o sentimento de indignidade é saudável às pessoas. Aquele que pensa no bem estar coletivo se livra do egoísmo que o aprisiona. Colabore você também para que tenhamos um mundo melhor."

terça-feira, 27 de agosto de 2013

O País fora dos trilhos

 Por Luiz Maia

Um bando de marginais ateou fogo em um ônibus, saqueou lojas, depredou equipamentos públicos numa tarde/noite no centro do Recife. Aquilo que parecia um simples protesto virou um inferno nas ruas da cidade. Noticiou-se que havia bandidos sulistas infiltrados, devido ao sotaque de um deles que ofereceu R$ 150,00 para os idiotas saírem quebrando tudo pela frente. Chamam a isso de "vandalismo" quando, a bem da verdade, quem comete esse crime é um bandido que se apóia na conivência das autoridades. O Estado brasileiro é fraco, corrupto e pusilânime. Saudade do tempo em que havia respeito no país com o Exército impondo ordem nas ruas.

Certa vez, preocupado com o julgamento do "mensalão", o ministro da Justiça alegou publicamente que o sistema penitenciário brasileiro faliu. Mas foi omisso em relação a criminosos irrecuperáveis que não respeitam a vida humana, sendo premiados com a indiferença do poder público. A estupidez da violência, que se espalha pelo Brasil, é fruto da falta de leis duras. Até a pena capital já existe da parte do bandido para o homem de bem. Entre nós, ao que parece, as pessoas só se interessam em ver futebol, novelas ou, quando muito, participam de passeatas evangélicas, parada gay ou marcha da maconha. Os recentes protestos no Brasil, na prática, não surtiram o efeito desejado.

Para alegria de marqueteiros, a presidente Dilma sancionou o "Estatuto da Juventude", mas esqueceu de dizer ao seu público que, ao final de tudo, o povo vai pagar a conta desse projeto inócuo pelo fato de ignorar a realidade do solo em que pisa. No país em que o Congresso Nacional custa ao contribuinte R$ 23 milhões de reais por dia, o dinheiro usado para praticar essas caridades desconexas deveria ser injetado nas áreas da saúde e da educação. Segundo Jean Cocteau, "existem verdades que a gente só pode dizer depois de ter conquistado o direito de dizê-las." Portanto, há que se perguntar: "é justo o cidadão arcar com os custos dessa suposta democracia?" Lamento que o comodismo tenha voltado a dominar o senso crítico do brasileiro.

Como se nada mais bastasse, o Governo radicalizou ao lançar o programa eleitoreiro "Mais Médicos", uma nova peça de marketing, com o país importando 4.000 médicos de Cuba tendo, como agravante, a rejeição do revalida e o possível aparelhamento do Estado brasileiro por agentes cubanos. Se o governo agisse com mais correção deveria implantar estruturas decentes para que médicos brasileiros pudessem atuar com dignidade. Tudo indica que falta seriedade nas ações de governo. A caminhar assim o próximo passo será o lançamento do "Mais Governo", nos mesmos moldes do "Mais Médicos", com o país importando os irmãos Castro e os mausoléus de Stalin, Marx e Guevara. Aí reside o grande perigo de um possível projeto totalitarista ora em curso. A sociedade precisa acordar urgentemente.

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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O silêncio das ruas
Por Luiz Maia


É notória a predominância do silêncio nas ruas. O comodismo voltou a dominar o senso crítico do brasileiro. Com raríssimas exceções, este fato vem comprovar a acomodação dominante da sociedade brasileira. No meu entender, os recentes protestos no Brasil, na prática, não surtiram o efeito desejado. O País mudou em nada. O gigante continua adormecido, como sempre. As mazelas continuam as mesmas de antes. A estória de que nada mais será como antes das manifestações de rua é pura falácia. Os políticos estão se lixando para os eventuais espasmos da sociedade. Governantes e políticos em geral continuam ignorando o recado das ruas porque sabem que essa grita é um fato isolado. Os protestos pontuais não passam de manifestações aleatórias. É uma lástima mas é a realidade. Só um povo verdadeiramente educado consegue realizar as grandes transformações necessárias ao País. Neste momento importante que o País atravessa é preciso reafirmar que o mais grave problema do Brasil é a falta de educação.

 
 
Por essa razão eu não creio que a população venha a se manifestar, permanentemente, cobrando os direitos que lhes são negados por todos esses anos. É claro que a sociedade deveria continuar nas ruas. Exigir, por exemplo, a implantação de penas mais duras para criminosos comuns e a prisão imediata para políticos e autoridades corruptas. É muito grande a pauta com matérias relevantes para serem discutidas, visando o bem comum dos cidadãos e a saúde do país, mas as pessoas perdem um precioso tempo indo a baladas, vendo novelas e futebol. Para mim o brasileiro continua sendo o povo mais acomodado do mundo. Eu não consigo entender essa falta de consciência quando nos deparamos com autoridades que começam um jogo cretino de faz-de-conta, com o intuito específico de iludir a boa fé dos manifestantes.
 

Recentemente quiseram empurrar, goela abaixo dos brasileiros, um plebiscito fajuto cujo real efeito seria um golpe contra os verdadeiros interesses da sociedade. Não foram essas as cobranças que estavam na boca do cidadão nas manifestações que sacudiram o país. As pessoas precisam voltar a se articular condenando essa e outras enrolações cujo feito prático seria gastar o dinheiro do contribuinte para ajudar os interesses de um governo perdido em meio a uma série de equívocos. Carecemos de princípios objetivos de convivência social, de uma melhor organização nas relações econômica, cultural e política. Algo que venha inibir a fantasia que tem levado o Brasil a um estado de existência relativa, a uma alienação cada vez mais profunda da realidade objetiva. Somente assim poderemos acreditar neste País.

Luiz Maia
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quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Desafinado
Por Luiz Maia

Com a queda do muro de Berlim, a humanidade se viu diante de um fato histórico inesperado. Até um dia antes do episódio consumado ninguém poderia imaginar que isso pudesse acontecer. Este evento serviu de parâmetro para balizar uma nova ordem no traçado no destino das pessoas. Serviu também para contextualizar uma realidade nas relações entre países de todos os continentes. A guerra fria dera vez ao mundo globalizado. Os títulos "esquerda" e "direita", bastante usados para designar as preferências políticas, perderam o sentido na prática. Uma nova era começara a surgir. A realidade quebrando paradigmas e a história mudando conceitos. Diante dessa evidência, dá vontade de rir quando alguém se rotula de "esquerda" neste país. Alguns "esquerdistas" dizem que detestam o capitalismo e lutam para conseguir um mundo melhor - mas só para eles, dirigentes, como ocorre nos poucos países onde imperam as ditaduras comunistas. Essa gente sabe que, na prática, não é assim que funciona. É preciso contextualizar o processo. Porque analisar fatos extirpados do substrato histórico em meio ao qual eles foram forjados é um equívoco que se comete e uma desonestidade para os que conhecem os princípios do raciocínio lógico.
 
 
É muito bom poder discordar. É saudável o contraditório. Mas falsos democratas de plantão detestam a imprensa e a liberdade de expressão. Essa gente fala bem da democracia mas gostaria de fechar o congresso e governar baseado no triste modelo existente em Cuba. A "esquerda" no Brasil é composta, em muitos casos, por agitadores acostumados a beber e badernar nos botecos em frente de fábricas. Afastem-se dessa barca furada. Sejam solidários e responsáveis com um País que não merece gestões medíocres como as que conhecemos. Governos rotulados de "esquerda" proporcionam inúmeros escândalos políticos no Brasil. Hoje o País poderia estar mergulhado na mais prounda escuridão, com a Constituição sendo rasgada e o povo vivendo sob o tacão do partido único, a imprensa calada e os cidadãos brasileiros sem liberdade.


O famoso compositor Chico Buarque de Holanda se diz 'esquerdista" de carteirinha. Este senhor não perde a oportunidade de fazer campanhas políticas para candidatos socialistas, comunistas ou ditos condenados pela justiça eleitoral. O interessante é que Chico Buarque mora há mais de trinta anos em um belo apartamento em Paris, capital da França. Continua compondo músicas e escrevendo livros inspirados em um bom uísque escocês, de preferência da safra 12 anos. Leva uma vida mansa, considerada por eles, "esquerdistas", uma vida de burguês. Em época de eleições Chico Buarque vem ao Brasil, faz campanha para os "companheiros", põe muito dinheiro no bolso e se manda de volta para viver sua doce vida. Pior só mesmo para quem fica. Não sabe ele que geralmente seus candidatos são péssimas referências como políticos. Agem na calada da noite, assaltam os cofres públicos, ignoram o que seja ética. Muitos deles respondem a processos na justiça por terem cometido falcatruas, outros foram julgados e condenados e aguardam só o momento de irem para a cadeia, onde vão cumprir penas pelos desatinos praticados. Esquerda volver.

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Terra de ninguém

Por Luiz Maia

Sem dúvida alguma os atos de vandalismo na madrugada de 18 de julho de 2013 no Leblon são uma afronta ao Estado Democrático de Direito. Deve-se dizer que a destruição ocorrida não tem a ver com o movimento encampado pelas pessoas que protestavam ordeiramente. Absolutamente nada, ao contrário do que deram a entender as reportagens de uma determinada emissora de TV que, mais uma vez, tentou associar a desordem cometida pelos arruaceiros aos protestos pacíficos da população insatisfeita com o governo. O que houve foi a inoperância do Estado para conter o quebra-quebra de prédios públicos e lojas comerciais. Neste caso o vandalismo teve o consentimento explícito do poder público. Todos viram que, durante mais de duas horas, policiais militares e civis cruzaram os braços enquanto bandidos encapuzados destruíam tudo que encontravam pela frente. A omissão policial veio demonstrar a falta de pulso forte por parte daqueles que deveriam proteger o cidadão e o bem público. Sabemos que numa democracia funciona o império da Lei; jamais o reino da desordem como nos fez parecer.
 
As pessoas protestam contra governos medíocres e um Congresso desmoralizado. Impressionam-me o cinismo e a desfaçatez da maioria de parlamentares com assento no Congresso Nacional, que manchou a credibilidade daquela Casa, não havendo, portanto, a menor condição de votar projetos. Os políticos, por sua vez, já esqueceram as cobranças que estavam na boca do cidadão nos recentes protestos que sacudiram o país. Os anseios da população ainda não foram por eles compreendidos. O povo cansou de ver gestões marcadas pela corrupção e pela incompetência administrativa. Ao governo caberia compreender tão somente que a sociedade não aceita mais este modelo corrupto de se fazer política no Brasil. É preciso mudar tudo.

 
A nação brasileira resolveu acordar. O recado passado pelas manifestações deixou bem claro que hoje as pessoas não dependem mais das entidades para extravasar seu descontentamento com eventuais descaminhos das autoridades constituídas. Pelo menos é isto que supomos. O destino da população não está mais condicionado a partidos políticos, centrais sindicais nem associações de bairro. A esperança do brasileiro encontra-se agora erguida em suas mãos. O povo começa a reescrever sua história através das redes sociais. Isto é ponto pacífico. Um caminho sem volta. Ao povo caberá doravante a última palavra.


Luiz Maia
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É Autor dos livros "Veredas de uma vida", "Sem limites para amar", "Cânticos", "À flor da pele" e "Tamarineira - Natureza e Cidadania. Recife-PE.

"É preciso entender que o sentimento de indignidade é saudável às pessoas. Aquele que pensa no bem estar coletivo se livra do egoísmo que o aprisiona. Colabore você também para que tenhamos um mundo melhor."




Um País em ebulição

Por Luiz Maia

O brasileiro acostumou-se a conviver com as injustiças. Poucas vezes havia demonstrado sua insatisfação publicamente. Tem sido assim ao longo dos anos. Quando um ato de justiça prevalece, a opinião pública se manifesta imediatamente para comemorar o feito. Vemos agora surgir no horizonte um clarão que sinaliza uma nova alvorada. O estado de sonolência deu vez aos protestos. É ótimo escutar centenas de milhares de gritos, há muito engasgados, cobrando melhoras nos serviços públicos, o fim da corrupção e dos malefícios provenientes da impunidade. A nossa gente precisava de uma manifestação grandiosa como esta. Os desmandos neste país apresentam a forma de um tumor que precisa ser extirpado. Chegou a hora da verdade.
 
Finalmente o povo acordou. Falou mais alto o sentimento de indignação de quem sofre nas filas dos hospitais, nos ônibus e metrôs superlotados, padece nas escolas sucateadas, e que agora se faz presente nas vozes que clamam contra a falta de ética e o mau uso do dinheiro público. O trabalhador despertou. Começa a exigir respeito pelo imposto pago e que escorre pelo ralo da corrupção. O Ministro do STF Joaquim Barbosa certa vez revelou o óbvio: "a Câmara Federal não representa o povo e os partidos são de “mentirinha”. Os partidos políticos giram em torno de seus interesses, por vezes inconfessáveis. Vivem distante das reais demandas da sociedade. Essa excrescência merece o repúdio de todos nós.



A partida foi dada. Lutemos por um Brasil onde o trabalho seja a fonte segura de sua honradez. Um país onde ninguém tenha medo de andar nas ruas, no qual as pessoas sejam respeitadas em sua cidadania; a sinceridade de sentimentos distante das mentiras do passado. Um país em que a honestidade faça parte do cotidiano das pessoas, tornando a vida do brasileiro muito melhor. Um novo tempo começa. Nada será como antes.


Luiz Maia
Literatura & Opinião! (site pessoal)http://www.luizmaia.blog.br/
Autor dos livros "Veredas de uma vida", "Sem limites para amar", "Cânticos", "À flor da pele" e "Tamarineira - Natureza e Cidadania. Recife-PE.


"É preciso entender que o sentimento de indignidade é saudável às pessoas. Aquele que pensa no bem estar coletivo se livra do egoísmo que o aprisiona. Colabore você também para que tenhamos um mundo melhor."

Governo acuado, sem rumo, perdido

Por Luiz Maia

Usando vestido claro, abolindo o habitual vermelho, rosto carregado de maquiagem, assim a Presidente Dilma Rousseff fez um pronunciamento à nação, na noite da sexta-feira, 21 de junho de 2013, pressionada por causa das recentes manifestações públicas ocorridas em todo país. Tratou de reforma política, da necessidade de dialogar com as "vozes da rua", reconheceu a grave crise de representação. A presidente falou, mas não convenceu. Não trouxe nada de novo ao que costuma falar em seus discursos.

Na semana seguinte, a presidente Dilma Rousseff, em reunião com governadores e prefeitos, no Palácio do Planalto, anunciou cinco pactos nacionais. Não contava, porém, com a péssima repercussão das medíocres propostas apresentadas. Ao deixarem o encontro, muitos governadores lamentaram o viés das medidas que nem de longe atendem às reivindicações que têm dominado as manifestações populares. Estão todos perdidos. Não souberam entender o claro recado da sociedade.

A presidente deveria fazer o mea culpa, reconhecer que, desde que o seu partido assumiu o poder, passou a ficar conhecido pelos escândalos que protagonizou. Admitir que a ineficiência é a marca maior de sua gestão, que mantém 39 ministérios e mais de 25 mil militantes, sorvendo os recursos públicos. Assumir que há um colapso em áreas vitais: saúde, educação, transporte e segurança pública. Será que o seu governo não sabe que as pessoas passam até quatro horas por dia no trânsito, amontoadas em ônibus, trens e metrôs lotados, ou imobilizadas em seus próprios veículos?

Não se pode crer que a presidente não tenha percebido que a sociedade não suporta mais assistir calada à falência do Estado brasileiro. Por que não escuta o grito do povo contra o seu governo que tenta manobras, inacreditáveis, ​​através de Emendas Constitucionais, como a PEC 37, visando encobrir alguns dos maiores escândalos de corrupção no país, que só vieram à tona por causa das ações do Ministério Público Federal? É lamentável que a presidente Dilma feche os olhos para a realidade do nosso país.

As ações propostas pela presidente assemelham-se mais a uma jogada de marketing. São inócuas e não respondem ao clamor das ruas. Vale aqui lembrar a história das lutas empreendidas pelos povos. Numa das manifestação mais louváveis, os franceses tomaram para si a responsabilidade de transformar o seu país em algo decente para se viver. Refiro-me à "Queda da Bastilha", ocorrida na França, em 1789. A Revolução Francesa começou com revoltas populares, como as que vêm acontecendo no Brasil. Nunca é demais saber traduzir os sinais emitidos pelo povo nas ruas!

Luiz Maia
Literatura & Opinião! (site pessoal)
http://www.luizmaia.blog.br/
Autor dos livros "Veredas de uma vida", "Sem limites para amar", "Cânticos", "À flor da pele" e "Tamarineira - Natureza e Cidadania. Recife-PE.

"É preciso entender que o sentimento de indignidade é saudável às pessoas. Aquele que pensa no bem estar coletivo se livra do egoísmo que o aprisiona. Colabore você também para que tenhamos um mundo melhor."

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Recriar a vida

Por Luiz Maia
 
É inegável que o país atravessa um momento de pobreza cultural e intelectual nunca visto nem imaginado. Isso é um fato. No entanto tem muita gente boa trabalhando, abordando temas sérios, procurando alternativas para melhorar o atual quadro. Existem aqueles que buscam na filantropia um meio de levar um pouco de amor aos mais necessitados. Outros investem parte de seu tempo visitando orfanatos, criando meios para minorar o efeito estufa, pesquisando sementes de grãos mais saudáveis, etc. Mas esses exemplos, infelizmente, não encontram na imprensa a mesma receptividade. Há muita porcaria sendo veiculada diariamente em detrimento de notícias que possibilitem a chance de o homem não perder a fé na vida, não deixar de sonhar e de ter esperança em dias melhores. É preciso acreditar que esse surto de ignorância que tomou conta do Brasil possa um dia ter fim.
Talvez seja essa a causa do silêncio de muitos. Mas às vezes o silêncio que entristece é o mesmo que possibilita a meditação que aponta caminhos. Há muitas cabeças pensantes na sociedade que não cansam de agir. É preciso lutar para começar a mudar a cara deste país. Quem não tem algum sonho escondido debaixo do travesseiro ou guardado dentro de uma gaveta? Sonhos em geral não revelados e que vão ficando velhos e amarelados pelo tempo. Mesmo assim gerações inteiras não desistem de sonhá-los. Felizes os que creem que a vida sem sonho ou esperança perde o sentido. Daí a existência de pessoas que fazem de suas ações ponte para alcançar o outro. Por isso, faz-se um apelo para que o ser humano não deixe de se indignar diante das maldades do mundo, nem pare de praticar o bem que pode. Afinal essa é a única maneira de refazer o mundo, de recriar a vida. É primordial continuar mantendo essa sintonia fina com a natureza que inspira a realizar proezas, mesmo que a imprensa as ignore e esqueça até de registrá-las.


Luiz Maia
Literatura & Opinião! (site pessoal)
luizmaia.blog.br/

É Autor dos livros "Veredas de uma vida", "Sem limites para amar", "Cânticos", "À flor da pele" e "Tamarineira - Natureza e Cidadania. Recife-PE.

"É preciso entender que o sentimento de indignidade é saudável às pessoas. Aquele que pensa no bem estar coletivo se livra do egoísmo que o aprisiona. Colabore você também para que tenhamos um mundo melhor."

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Kibutzim nordestinos

Kibutzim nordestinos
Por Luiz Maia* 
 
*Escritor
 
Enquanto a seca no Nordeste recrudesce, as florestas brasileiras continuam sendo derrubadas. Grandes empresas, em nome do progresso, poluem o ar, rios e mares. A fauna e a flora vêm sendo agredidas sistematicamente, levando à extinção espécies animais e vegetais. O aquecimento global, uma das consequências do desmatamento e da poluição, põe em risco a vida no planeta. A terrível seca, que maltrata o povo nordestino, está intrinsecamente relacionada a essas ações criminosas contra o meio ambiente, mas ao que parece estão todos calados. Muita gente, envolvida em seus problemas cotidianos, não se dá conta de que o mundo está sendo destruído pela ação do homem. São pessoas que não observam a omissão das autoridades públicas na busca de soluções para o centenário problema da seca crônica do Nordeste do Brasil.

Dói na alma saber que os nordestinos continuam entregues à própria sorte. Animais são sacrificados, faltam água, alimentos e ação. Dá pena ver tantos animais morrendo e o sertanejo de mãos atadas, sem nada poder fazer. Enquanto isso a escassez de chuvas já compromete o abastecimento d’água nas capitais. Torna-se evidente a negligência do Estado brasileiro em tratar esta questão com competência e responsabilidade. As ações paternalistas permanecem como a menina dos olhos do governo federal que hoje conta com 39 ministérios e um só projeto de governo: o “Bolsa Família”, copiado do governo Fernando Henrique Cardoso. O que nos entristece é saber que muitos gestores públicos passaram sem adotar um só planejamento, de médio e longo prazo, para o país. Sou leigo no que se refere às interferências nas climáticas no país, mas em Israel o processo foi diferente. Num determinado momento houve vontade política para transformar o imenso deserto em área de agricultura sustentável. Nos kibutzim israelenses encontramos as paisagens mais férteis e bonitas daquele país. Isto só foi possível porque lançaram mão de certa tecnologia capaz de reverter a paisagem árida em agricultáveis, denominadas de kibutzim.

A seca foi detectada no Nordeste pela primeira vez no século XVII. De lá para cá, os Estados Unidos já foram à lua e se preparam para ir a Marte. A seca crônica persiste pelas medidas errôneas ao tentar combatê-la no decorrer dos séculos. No Brasil existem nichos de excelência, pessoas comprometidas com as questões que envolvem a sociedade, gente capaz de levar adiante projetos de tamanha magnitude que possam redimir esta região. Em pleno século XXI, é inconcebível que os gestores deste país fechem os olhos a uma realidade que afronta a dignidade humana. Desenvolver ações que ataquem a estiagem com tecnologia e não com ações apenas emergenciais. O Nordeste necessita de políticas concretas, estimulando o processo de criatividade e de investimentos no setor tecnológico. Se não houver empenho neste sentido, a Região continuará sendo tratada equivocadamente.