quinta-feira, 24 de julho de 2014

Caminhando sem companhias...
Por Luiz Maia
"A internet aproxima os que estão longe e afasta aqueles que estão perto"

Enquanto aumenta o número de amizades virtuais em detrimento do contato pessoal, passo a questionar o destino das relações interpessoais. Cada vez mais pessoas interagem nas redes sociais, participam de um mundo de ilusão, envolvidas com a era da informática. Quase não vejo mais ninguém se encontrando nas ruas, pessoas felizes sem ter local certo para onde ir e muito menos hora certa para voltar. Hoje as pessoas simplesmente curtem. Adicionam. Compartilham. Que mundo estranho...

A informatização da sociedade aliada à violência nas grandes cidades têm levado as pessoas a saírem cada vez menos de casa. Sem participar do mundo real, muitas se sentem felizes. A violência por si amplia a necessidade de ficarmos mais em nossas casas a nos proteger das maldades do mundo. Acostumados a viver em casulos, o homem caminha sem companhias. Quando somos forçados a nos afastar uns dos outros, banal e irreversivelmente, é porque algo anda errado nas relações humanas.

Essa divagação traduz minha insatisfação com o desperdício do verdadeiro viver por parte de centenas de jovens. A vida tornou-se frenética e os prazeres duvidosos. Diante dessa realidade o homem passa por momentos de muita procura. Às vezes penso em me encontrar com pessoas reais, porque já não há mais tempo para nada. Preciso ver gente. Pessoas com as quais mantenho contatos virtuais diariamente, mas nunca as vejo e pouco sei de suas vidas.

Tenho saudade de pisar no chão descalço, do jogo de bola, de comer manga madura nas mangueiras dos quintais. Sinto a falta do calor dos abraços, da ausência das boas risadas, do namoro sem compromisso. Sou carente das conversas simples nos restaurantes à beira-mar de Olinda, do papo descontraído com a chegada de mais um fim-de-semana, onde nos reuníamos para tomar cerveja. Coisas simples que eu vivi um dia e que certamente davam um melhor sentido à nossa existência. Eu só entendo a vida quando vivida em total comunhão com a natureza, entre pessoas que se amam e se querem bem. Sou feliz. Mas o mundo envereda por caminhos que eu jamais escolheria para os meus filhos.


Luiz Maia
Literatura & Opinião! (Blog pessoal)
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Literatura & Opinião! (Site pessoal)
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Autor dos livros "Veredas de uma vida", "Sem limites para amar", "Cânticos", "À flor da pele" e "Tamarineira - Natureza e Cidadania. Recife-PE.