sábado, 2 de agosto de 2014

Máximas - Pensamento Vivo

Por Luiz Maia*

"A vontade em traduzir sentimentos em palavras vem e volta e eu ensaio uns versos sem a preocupação de produzir, mas de dizer tudo aquilo que neste momento estou vivendo. Minha inspiração vem de momentos de sonhos, instantes de paz, momentos de pura saudade. Já vivi muito, sorri e chorei na mesma intensidade. Amei, fui muito amado, talvez traído como todo mundo um dia foi. Amei, mas também já sofri demais e perdoei. Afinal, quem seria, na realidade, esse alguém que só escreve o que realmente vivenciou? Hoje percebo que, sem intenção alguma, fiquei escravo de meus versos..."

"Amam-me (quando me amam) ou me odeiam pelo que escrevo. A imaginação faz de mim algo que não sou. Apenas já vivi quase tudo e agora todo o meu amor eu coloco nas poesias. E justamente nesse meu gosto pela escrita que nos encontramos e nos amamos mais uma vez. Essa paixão de quem encontra no outro um elo de ligação pelas afinidades, pela eterna saga de sonhar e se fazer personagem desse sonho."

"Quem penetrar nos labirintos da complexidade humana vai conhecer um vasto arsenal para estudo. Expoentes como Freud, Jung e Shakespeare codificaram alguns aspectos do variado comportamento humano à luz da emoção e da razão que despertam em nós. Poderia parecer estranho alguém dizer que sente dor por viver um grande amor. Mas não há incoerência nisso. Amar não é navegar em mar de rosas. Quem ama busca sempre o equilíbrio na relação. Amar é entrega sem esperar nada em troca. Exercite o hábito de ser feliz fazendo o outro feliz também."

"As mulheres sabem tudo sobre os homens. Elas têm a percepção aguçada daquilo que se passa à sua volta. Percebem o que está por trás do olhar de um homem e conseguem até sorrir aparentando não ser com elas. Refiro-me aos nossos olhares em vão, quando elas passam na rua e teimamos em apreciar suas curvas singelas. Acho natural a forma como reagem com certa indiferença ou quando se mostram alheias a um galanteio qualquer, expressando um sorriso maroto sem maiores consequências. Eu acho muito interessante. Eu amo tudo isso, até a natural e compreensível 'indiferença' quando se mostram alheias ao olhar masculino. As mulheres, em sua maioria, são reativas como se todo homem não merecesse confiança. O que acontece é que as mulheres, mesmo sendo amigas, são muito competitivas. Dizem que quando ela se arruma é para se mostrar a outras mulheres, espécie de vaidade para "marcar território". Uma questão cultural que se arrasta desde os primórdios."

"Sou um sonhador, um romântico ultrapassado. Uma pessoa simples, passional e amiga. Sonho viver numa sociedade onde as pessoas não tenham vergonha de olhar no rosto do outro e poder dizer que as amam, onde a pureza de sentimentos deixe de ser utopia."


"Vejo na beleza das jovens mulheres algo interessante que salta aos olhos. Já as maduras, experientes em vários aspectos, carregam consigo uma sensualidade que, sabiamente explorada, consegue se sobrepor às mais novas, ainda imaturas. Confesso que eu gostaria de passar um dia inteiro enaltecendo a beleza da mulher. Eu não falo nada de novo. Traduzo apenas um pouco do que imagino ser parte importante do universo feminino."

"Nem sempre conseguimos entender o silêncio dos amigos. Talvez seja isso. Acostumados com a presença e as palavras, quando eles silenciam nos assustam. Deve ser isso. Esquecemo-nos que também no silêncio a amizade se mantém viva."

"Grande é a alma das pessoas que enxergam a beleza que há nas entrelinhas de um sentimento por mais simples que seja, mesmo que tenha sido vivido num momento de muita saudade por pessoas que eventualmente tenham nos deixado para trás, como as estrelas errantes que sem nos avisar deixam de repente de brilhar."

"É difícil conceber que todos precisamos aprender a viver sozinhos, curtir a solidão que nos ensina a necessidade de ouvir mais vezes o silêncio que vem da alma. Sem essa introspecção diária fica difícil resolver essa questão. A vida nos diz que dentro de nós mora uma imensa solidão e que é preciso admitir essa verdade para podermos compreender melhor o outro e aprender com a vida. Aprender, sobretudo, sobre nós mesmos."


"Há muitas verdades no mundo, todas precárias e provisórias. Aceitemos a complexidade da vida, esta que faz o homem agigantar-se no mundo e vencer os maiores obstáculos. Vale a pena acalentar a esperança para que um novo tempo possa surgir diante de nós."

Luiz Maia
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Autor dos livros "Veredas de uma vida", "Sem limites para amar", "Cânticos", "À flor da pele" e "Tamarineira - Natureza e Cidadania. Recife-PE.  

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Caminhando sem companhias...
Por Luiz Maia
"A internet aproxima os que estão longe e afasta aqueles que estão perto"

Enquanto aumenta o número de amizades virtuais em detrimento do contato pessoal, passo a questionar o destino das relações interpessoais. Cada vez mais pessoas interagem nas redes sociais, participam de um mundo de ilusão, envolvidas com a era da informática. Quase não vejo mais ninguém se encontrando nas ruas, pessoas felizes sem ter local certo para onde ir e muito menos hora certa para voltar. Hoje as pessoas simplesmente curtem. Adicionam. Compartilham. Que mundo estranho...

A informatização da sociedade aliada à violência nas grandes cidades têm levado as pessoas a saírem cada vez menos de casa. Sem participar do mundo real, muitas se sentem felizes. A violência por si amplia a necessidade de ficarmos mais em nossas casas a nos proteger das maldades do mundo. Acostumados a viver em casulos, o homem caminha sem companhias. Quando somos forçados a nos afastar uns dos outros, banal e irreversivelmente, é porque algo anda errado nas relações humanas.

Essa divagação traduz minha insatisfação com o desperdício do verdadeiro viver por parte de centenas de jovens. A vida tornou-se frenética e os prazeres duvidosos. Diante dessa realidade o homem passa por momentos de muita procura. Às vezes penso em me encontrar com pessoas reais, porque já não há mais tempo para nada. Preciso ver gente. Pessoas com as quais mantenho contatos virtuais diariamente, mas nunca as vejo e pouco sei de suas vidas.

Tenho saudade de pisar no chão descalço, do jogo de bola, de comer manga madura nas mangueiras dos quintais. Sinto a falta do calor dos abraços, da ausência das boas risadas, do namoro sem compromisso. Sou carente das conversas simples nos restaurantes à beira-mar de Olinda, do papo descontraído com a chegada de mais um fim-de-semana, onde nos reuníamos para tomar cerveja. Coisas simples que eu vivi um dia e que certamente davam um melhor sentido à nossa existência. Eu só entendo a vida quando vivida em total comunhão com a natureza, entre pessoas que se amam e se querem bem. Sou feliz. Mas o mundo envereda por caminhos que eu jamais escolheria para os meus filhos.


Luiz Maia
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Autor dos livros "Veredas de uma vida", "Sem limites para amar", "Cânticos", "À flor da pele" e "Tamarineira - Natureza e Cidadania. Recife-PE.  

domingo, 25 de maio de 2014


Um dia de horror na Terra do Frevo
Por Luiz Maia

"É preciso entender que o sentimento de indignidade é saudável às pessoas. Aquele que pensa no bem estar coletivo se livra do egoísmo que o aprisiona. Colabore você também para que tenhamos um mundo melhor."

O Brasil voltou ao estágio de barbárie antes mesmo de conhecer a civilização. O fato é que estamos condenados à civilização. Ou progredimos ou desaparecemos. A quinta-feira 15 de maio de 2014 ficará marcada para sempre como o dia em que eu tive vergonha de ser brasileiro. Vergonha de saber que estamos rodeados de canalhas. Pelo visto não é só em Brasília que existem ladrões, bandidos e/ou picaretas. Eles estão espalhados nas esquinas, como se fossem ratos famintos, na espreita para dar o bote e devorar o inimigo. Mas neste caso o inimigo é o próprio homem, o seu semelhante indefeso. Eles não estão atrás do que comer, claro que não! O bando de bárbaros tem interesse em depredar tudo aquilo que possa encontrar pela frente: roubam, matam, destroem a esperança e a ilusão de que temos ordem e progresso no pavilhão do Brasil. Essa geração de bárbaros muito em breve vai nos proibir de sair de nossas casas. Cobrarão pedágios para nos permitir ir ao trabalho, para levar nosso filho ao colégio ou comprar um simples pão na padaria da esquina. E assim seguiremos o nosso caminho, imaginando respirar um pouco de paz, abraçados à certeza de uma insegurança atroz.

Minha preocupação traduz a realidade de um País que tem nas raízes da corrupção e do atraso seus maiores legados. Eu não gostaria de me desgastar com a desfaçatez daqueles que, revestidos de cargos públicos, traem a confiança que fora depositada pela população que os elegeu, apropriam-se cinicamente dos recursos públicos em vez de planejar o Brasil para as futuras gerações; dado que a nossa já está condenada ao insucesso total. Não vejo ninguém demonstrar decência ou competência para assumir uma gestão honrada à frente dos destinos do País. Alguém preocupado com as demandas de um Brasil carente de políticas públicas que possibilitassem amenizar um déficit vergonhoso relativo ao péssimo padrão de qualidade na prestação dos serviços públicos. Algo que alavancasse nossa baixa auto-estima, com o intuito de melhorar significativamente o nível de vida de seus habitantes.

Sempre ouvi dizer que o Brasil é o País do futuro. Dizem que nossa democracia é nova e que o País ainda engatinha na forma de se conduzir pelos caminhos do regime democrático. Por esta razão há muita coisa errada que no futuro será enfim corrigida. Como se nada mais bastasse, os entendidos em política partidária costumam insistir que o povo e o País precisam aprender com os nossos próprios erros. Não raras vezes, sem aparentar nenhum constrangimento ou inibição ao traduzir seus sentimentos, eles nos sugerem que tenhamos calma que um dia o Brasil se constituirá numa grande Nação. Somente assim veremos finalmente o dia no qual o Brasil será reconhecido como uma grande potência mundial. Enquanto este dia não chega, sigamos teimando em sobreviver!

Luiz Maia
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segunda-feira, 24 de março de 2014

Longa escuridão

Por Luiz Maia

De repente te abandonaram naquela sala imunda sem nenhuma explicação. Quebraram teus jarros com flores, queimaram teus livros, pisaram teus sonhos. Mataram as lindas orquídeas da sala de estar. Tolheram a vida quando impediram teu livre caminhar. Negaram-te o direito de saber como seriam os teus dias. Fizeram-te de boba para que não compreendesses a realidade, impedindo que não soubesses das noites escuras que estavam por vir. Puseram vendas em teus olhos, jogaram-te na mais longa escuridão. Calaram tua boca, amordaçaram tua alma. Inibiram teus sonhos, roubaram os amores que buscavam a ti. Até que um dia chegaram a dizer que não mais existias. Fizeram-te ciente apenas dos acontecimentos havidos nos corredores da dor. Tentaram te transformar numa pessoa sem nome, cuja aparência amarga negaria quem verdadeiramente és. Só não supunham que pudesses descobrir no infortúnio a graça da poesia, a chama acesa do inusitado da analogia que rege os temas grandiosos.


Desiludida e cansada, mesmo assim não seguistes o caminho que as forças tenebrosas quiseram te impor. Hoje só tens a agradecer à vida. Dizer bem alto que valeu a pena não desanimar, não sendo em vão ter acreditado em um novo amanhã. Ainda que por ora oculta, palpita agora a beleza do renascer da vida em teu coração. Só peço para que não esqueças dos amigos. Nem dos teus muitos amores, aqueles a quem amas tanto! Repare em tudo à tua volta, na claridade que começa a brotar dentro de ti. Mesmo no decorrer da dureza dos dias tristes, sempre aflorou em ti o desejo de enaltecer esse teu amor à vida. Hoje estás consumida pela luz das palavras, uma apaixonada pela vida que teima em existir. Há muitas verdades no mundo, todas precárias e provisórias. Aceitemos a complexidade da vida, esta que faz o homem agigantar-se no mundo e vencer os maiores obstáculos. Valeu a pena ter acalentado a esperança para que um novo tempo surgisse diante de ti.


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Tenho medo...
Por Luiz Maia

Eu tenho medo de ver novos amanheceres, de sair à noite e de me apegar às pessoas que só nos fazem bem. Eu tenho medo doutor, eu tenho medo. Tenho medo dos sinais de trânsito, das madrugadas sombrias, dos quartos escuros que só nos ensinam a conhecer a dor. Por isto eu fujo da frieza perpétua daquelas salas de mármores, dos corredores silenciosos e das portas de indicam que "é proibido visitas". Sou frágil e não resisto à fraqueza humana, à falsidade das pessoas que nos reservam o riso falso, que nos oferecem diversão em forma de vã alegria, provenientes da falta de amor. Eu tenho medo que você fuja dos meus braços, esqueça os meus afagos e pensamentos sem fim. Eu sinto medo de olhar em seus olhos e não mais reconhecer você. Eu tenho medo da distância que separa, da proximidade que não une, de ver o tempo passar sem ter mais a chance de rever você. Eu tenho medo de voltar a caminhar pelos mesmos parques, pelas praças desertas onde antes se avistavam crianças, o vendedor de sorvete e aquele casal de velhinhos lendo o jornal. Eu tenho medo de não mais ver a flor que era a razão de meus dias, que me dizia certas palavras que só mais tarde eu pude entender. Eu tenho medo de calar minha voz por não saber mais falar de amor.
 
Eu queria em breve reunir forças e me renovar para o mundo, ser feliz novamente e valorizar o amor à vida. Mas eu tenho medo de olhar para trás e não mais enxergar você. Eu tenho medo de voltar a sentir saudade da alegria que havia naqueles nossos encontros, momentos simples onde imperava a felicidade ao colher as flores que encontrávamos no caminho. Eu tenho medo de negar o ciclo do dia, que ao iniciar não tarda para findar, assim ocorre com os seres humanos. Ao ver um pôr-do-sol, começo a refletir na noite que chega trazendo consigo o silêncio revelador do quanto que é inútil este nosso apego à vida. Mas eu tenho medo da irresistível sensação de que partimos a cada instante. Sutil e suavemente vamos deixando tudo para trás. Não basta somente amar a vida, mas compreender que o Universo está em permanente mutação; sobretudo que a espécie humana envelhece e que novas gerações haverão de surgir. Eu só não tenho medo de ver no rosto da criança a mulher que um dia foi você!


Luiz Maia
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sexta-feira, 7 de março de 2014

Feliz dos alienados
Por Luiz Maia

Em uma certa fase da minha vida fui um completo alienado das questões políticas brasileiras. Vivia despreocupado, envolvido com meus próprios interesses. Talvez tenha sido feliz naquela época. A ignorância levava a um alheamento dos fatos negativos que ocorriam no país. Hoje sinto a angústia de quem tem a consciência de que nossa nação está trilhando caminhos tortuosos, seguindo em uma direção temerária, totalitarista. Esta triste realidade interfere profundamente na vida das pessoas, ainda que elas não se deem conta disso.

Posteriormente, passei a me interessar pelas questões sociais, pela política não partidária. Opinava, discutia, trocava idéias, participava, indiretamente, das campanhas eleitorais. E, por fim, votava nos candidatos que me pareciam corretos e honestos em seus propósitos. Não demorava muito porém para perceber que, após eleitos, as práticas eram contrárias às promessas dos palanques. Foi sempre assim. Ao me sentir frustrado em meu engajamento cívico, entendi que o procedimento eletivo não distingue a qualidade dos votos. Quem vota no candidato que oferece uma cesta básica, um saco de cimento ou uma prótese dentária tem a mesma força do eleitor esclarecido, que não se deixa enganar pelos programas eleitoreiros da estirpe do "mais-médico" e "bolsa-família".

Nesse caso há que se perguntar: "qual a representatividade de uma democracia cujo povo elege desqualificados, picaretas, vendilhões da pátria para representá-lo?" Claro que nenhuma! Um tipo de democracia, que termina quando você deposita o voto na urna, não passa de uma grande farsa. Onde impera a ignorância, prospera o político canalha; onde existe miséria, o que prevalece é a lei da sobrevivência. Eu não posso, nem quero calar, diante do que me parece o óbvio.

Após constatar que o sistema político brasileiro vigente é viciado, corrupto por excelência, resolvi não mais colocar os meus pés numa seção eleitoral para registrar o meu voto em qualquer candidato. Cansei de ser enganado. O regime democrático é, ainda, o que mais se aproxima do aceitável. Mas só dá certo nos países evoluídos, onde a população é, em sua maioria, civilizada. Não é o caso do Brasil, habitado, predominantemente, por um povo ignorante, semi-analfabeto, alienado ao extremo, incapaz de compreender as artimanhas daqueles que, encastelados no poder dos cargos que ocupam, causam tanto mal à sociedade, às instituições e à própria democracia.
Claro que vai demorar, mas as pessoas um dia saberão separar o meliante do cidadão.
 
Luiz Maia
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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Grito de alerta
Por Luiz Maia *


Ao sair nas ruas do Recife é fácil perceber inúmeros sinais de sujeira e degradação. O fenômeno social é proporcionado por uma população ignorante, carente de educação, de lições básicas de higiene e regras de boa convivência. Hoje andamos com medo de sair de casa.

 
Vândalos, supostos trabalhadores, de uniformes vermelhos, foice e cacete na mão, impedem o tráfego. Não satisfeitos, resolvem quebrar os veículos de pacatos cidadãos. Irresponsáveis comprometem a rotina dos que querem trabalhar, invadem terras produtivas, saqueiam cargas ou impedem, de forma criminosa, o ir e vir das pessoas. Imbecis de todo tipo fazem protestos queimando pneus em via pública, outros usam carros equipados com o som nas alturas. Idiotas depredam ônibus, flanelinhas exploram motoristas, menores cometem delitos, mocinhas perdem-se no sexo e nas drogas; criminosos riem das autoridades, infratores comercializam produtos piratas tomando as calçadas dos pedestres. Todo absurdo é permitido em nome de uma suposta democracia. Uma verdadeira tragédia.

Transformaram o país em terra de ninguém. Um bando de parasitas se alimenta do Estado, recebe verbas do governo para praticar crimes e infernizar a vida de todos. Há mais de uma década o Brasil presencia o surgimento de uma "geração de bárbaros", caracterizada pela degradação dos princípios, a não valorização do trabalho honesto e apologia à desordem. Na política, nas artes, cultura e entretenimento, o mau gosto predomina de forma avassaladora. Existe uma exaltação do que não presta, um culto à mediocridade, difícil de ser aceito por quem tem bom senso. Cidadania é palavra desconhecida por grande parte dos brasileiros, carentes de um sistema educacional de qualidade, que deveria ser a prioridade básica dos governantes.

Em um país que não tem planejamento, nem dispõe de políticas públicas de acesso às práticas esportivas, a consequência imediata é o surgimento das graves mazelas sociais. O Estado brasileiro, que deveria mostrar-se preocupado com a gravidez de mulheres carentes, é inteiramente omisso. Ampliar o acesso à informação sobre formas de se evitar a gravidez indesejada seria um passo importante no combate à miséria, evitando que viessem ao mundo menores cujas mães não têm a menor condição de criá-los. Mas o principal problema do Brasil reside na eterna falta de educação. Parte do dinheiro arrecadado em impostos pelo governo escorre pelo ralo da corrupção. Não fora isso e a população mais carente se beneficiaria do ensino de qualidade. Hoje, alunos ameaçam professores, usam drogas, agem com violência, depredam as escolas do bairro. A falta de preparo dos professores, assim como os baixos salários, são ingredientes que fortalecem o ensino deficiente que envergonha o país. A desigualdade social reflete no comportamento das pessoas mais humildes da população. Elas vivem excluídas do ensino público, padecem sem segurança e morrem nos hospitais sem atendimento. Até quando?


Existem dois brasis: o oficial, aquele em que autoridades surfam nas ondas de um falso desenvolvimento e um outro país, o real, no qual vive um povo que, aos poucos, segue transformando as cidades em imensas favelas. Tem muita gente deseducada rebaixando o país à condição de pocilga. A ignorância avança em todas as classes sociais. A falta de respeito impera em todos os lugares. Os valores foram definitivamente esquecidos por muitas pessoas que não consideram ninguém. Eu gostaria de viver num país em que a população pudesse se orgulhar da terra em que nasceu. Voltar no tempo para imaginar um Brasil em que as pessoas se sentissem seguras, onde o trabalho fosse a fonte honesta de sua honradez. Uma nação onde ninguém tivesse medo de andar nas ruas e homens e mulheres fossem respeitadas em sua cidadania. Quisera poder ver a sinceridade de sentimentos expressa nos olhos dos brasileiros, distante das mentiras do passado que não traduzem a índole do nosso povo. Um país em que solidariedade e honestidade façam parte do nosso cotidiano, tornando a vida do Brasil e do povo muito melhores.

* Luiz Maia
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"É preciso entender que o sentimento de indignidade é saudável às pessoas. Aquele que pensa no bem estar coletivo se livra do egoísmo que o aprisiona. Colabore você também para que tenhamos um mundo melhor."

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014


"Black blocs", representantes da estupidez humana
Por Luiz Maia

A estupidez da violência, que se espalha pelo Brasil, é fruto da falta de leis duras. A morte do cinegrafista Santiago Andrade, da TV Band, agrediu à sociedade e atingiu em cheio à liberdade de Imprensa. De forma apressada, o Senado Federal reagiu à morte do cinegrafista, querendo igualar "black blocs a terroristas". Ocorre que medidas pontuais são infrutíferas, não atingem à raiz do problema. É preciso coragem para atualizar urgentemente o ultrapassado Código Penal brasileiro. Dentre outras coisas, faz-se necessário diminuir a idade penal para 15 anos e implantar a pena capital para crimes hediondos. Sem esses pontos contemplados, é melhor calar e acabar com a encenação.

Lembremo-nos dos recentes movimentos havidos no Brasil. Após os pacíficos protestos de ruas, com a multidão cobrando mudanças no país, hoje predomina o silêncio em virtude dos "black blocs" semearem o pânico e o terror na população. O bando quebra equipamentos públicos, lojas comerciais, impedindo as livres manifestações da sociedade, que reivindica um Brasil melhor. Diante da inoperância e covardia do Estado, para conter a sanha dos canalhas, só resta à população a certeza da impunidade e a quase falência do Estado Democrático de Direito.

É preciso abrir os olhos para os descaminhos do nosso país. O que poderia ser uma das mais belas pátrias do mundo, hoje o Brasil se depara com a grave crise de caráter, a falta de ética dos poderes públicos e a perda de valores sem precedentes na história. Por enquanto o país permanece adormecido, as mazelas continuam as mesmas, e os políticos continuam se lixando para os justos reclamos da sociedade.

Resta ao cidadão lutar por um Brasil onde exista justiça e o trabalho seja a fonte segura de sua honradez. Um país onde ninguém tenha medo de andar nas ruas, no qual as pessoas sejam respeitadas em sua cidadania; a sinceridade de sentimentos distante das mentiras do passado. Um país em que a honestidade faça parte do cotidiano das pessoas, tornando a vida do brasileiro muito melhor.

Seria interessante o Brasil ter na presidência alguém à altura de nos representar. Um Estadista que venha honrar o cargo, que dê bons exemplos, mostrando aos brasileiros que é possível assumir a presidência baseado na competência e na honestidade. Diferente dos que não honram a palavra, que enganam o povo, que roubam com desfaçatez, iludindo os incautos e humildes. Que novas perspectivas surjam no horizonte, eliminando nuvens escuras que pairam sobre nós, trazendo consigo propostas efetivas visando planejar nosso país de maneira séria e responsável. É preciso mudar para valer, para recolocar o Brasil nos eixos.
 
 
Luiz Maia
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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Sementes da discórdia
Por Luiz Maia
 
Vejo com apreensão o germinar das sementes de ódio em cada esquina do país. Sementes lançadas por um ex-presidente que tinha por hábito jogar pobres contra ricos, negros contra brancos, com a clara intenção de fatiar a sociedade em cotas para se perpetuar no poder, no melhor estilo maquiavel. Em dois mandatos o falso "salvador da pátria" promoveu um retrocesso no relacionamento de classes no País, intensificando antigas desavenças relativas à cor da pele, condição social, poder econômico.
 
Hoje o brasileiro parece estar anestesiado, incapaz de levantar a voz contra as falcatruas e escândalos praticados pelos homens públicos que dirigem esta nação. Essa apatia da população é terreno fértil para que os gestores continuem ignorando a necessidade de adoção de políticas públicas de longo prazo que retirem o Brasil da vergonhosa posição mundial nos indicadores de educação, saúde, desenvolvimento humano. Sem educação de qualidade, a explosão demográfica nas classes mais desfavorecidas permanecerá fazendo parte da realidade nacional. Sem oportunidades, essas crianças irão engrossar, futuramente, a legião de desempregados, marginais e viciados que contribuem para os trágicos índices de violência que destroem tantas famílias.

Um efeito colateral desse cenário sombrio são os supostos movimentos sociais, financiados e/ou estimulados pelo governo federal, como o dos 'sem teto' e dos 'sem terra', e agora dos intitulados 'rolezinhos', que têm por objetivo levar o terror à vida do cidadão. Não bastassem esses agrupamentos institucionalizados, surgiram também os Black Blocs, de viés fascista, determinados a implantar o pânico na sociedade, esvaziando as legítimas e pacíficas manifestações que reivindicavam o fim da corrupção e serviços públicos de qualidade, contrapartida mínima para um povo que paga elevados tributos sem acesso às garantias constitucionais.


É de se perguntar onde estão as autoridades brasileiras que permitem que manifestações, com contornos político-ideológicos, impeçam o direito de ir e vir das pessoas e promovam depredações do patrimônio público e privado? Não se pode conceber que um bando de três mil adolescentes marquem encontros pelas redes sociais e entrem, de uma só vez, nos shoppings centers, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Falsos intelectuais, de forma irresponsável, afirmam que os 'rolezinhos' são o 'grito dos pobres'. Nada mais falso, já que tais jovens são assíduos frequentadores daqueles estabelecimentos comerciais, o que derruba a tese de repressão da periferia. Recente pesquisa Datafolha aponta que 70% dos jovens condenam essas manifestações. O resultado desmoraliza os patrocinadores da bandalheira. A sociedade precisa se livrar do esquerdismo delirante que tanto mal faz ao país.

De resto o Brasil não é a maravilha apregoada pela propaganda governamental. As instituições estão falidas e tomadas por patrulhas ideológicas, aliadas da corrupção, da improbidade e da incompetência. Enquanto dormimos, o país é surrupiado por políticos e empresários desonestos. A política virou sinônimo de falcatrua. Faz parte da cartilha dos governantes, desprovidos de espírito público e de ética, manter um povo sem educação, sem cultura e sem perspectivas, o que lhes assegura a perpetuação no poder, ancorados na ignorância do analfabetismo funcional. O tão decantado Brasil não passa na verdade de um arremedo de País.

Luiz Maia
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sábado, 4 de janeiro de 2014

Diario de Pernambuco - Recife, sábado, 4 de janeiro de 2014

ARTIGO
No tempo do nosso tempo
Por Luiz Maia*
*Escritor
l.maia@terra.com.br

 
No Recife, lá pelos anos 60, um grupo de românticos, sonhadores e adolescentes passou a se reunir numa certa esquina no bairro de Água Fria, na Av. Beberibe. Mais adiante formaram o que hoje chamamos de 'amigos (quase) inseparáveis'. Nascia, portanto, a "Turma da Democracia". Passamos a ser conhecidos em vários locais, amados por uns, odiados por outros. Quem não se recorda das brigas de 'boca de loca', das sacanagens com seu Agenor, das injustiças cometidas contra 'tio' Zé? Frequentamos campos de futebol, a zona do baixo meretrício, os cinemas Olímpia e Império, colégios e clubes da cidade. Namoramos a valer, às vezes brigamos, amamos e dançamos em centenas de 'assustados' em companhia das namoradas, ouvindo o som dos Beatles, Renato e Seus Blue Caps, Os Vips e Roberto Carlos. Cansamos de nos abraçar comemorando algum feito, uma alegria qualquer, assim como nos abraçamos em solidariedade à eventual dor do amigo! Saudoso e inigualável "Tempo do Nosso Tempo".

Nos fins de semana íamos jogar bola, à noite assistíamos ao programa Jovem Guarda, tomávamos um banho correndo para namorar. Tarde da noite a turma inteira se encontrava na churrascaria de Figueiroa, em Esmeraldino ou na Cabana, no Parque Treze de Maio. Quando alguém 'brigava' com a namorada, geralmente seu destino era o Bar de Aurora, local onde desafogava suas mágoas, curtindo a maior roedeira escutando nas vitrolas de ficha as músicas que falavam de amores desfeitos. E haja Waldick na radiola de ficha. Saudoso e inigualável "Tempo do Nosso Tempo"...

Os jovens de hoje não estão tendo o prazer de conhecer uma das mais importantes manifestações do comportamento humano de que já se ouviu falar, o cultivar das verdadeiras amizades. O que morreu não foi a amizade propriamente dita, mas sim a arte de fazer amigos, o ajuntamento de pessoas a gozar a vida de forma natural e espontânea. Deixaram de lado o ar livre, o jogo de bola na rua, a finura no trato com as mulheres, a delicadeza ao se dirigir ao outro, as brincadeiras sadias em meio à natureza dos nossos quintais. Também não podemos esquecer das sacanagens que diferenciavam o comportamento dos verdadeiros democratas. Saudoso e inigualável "Tempo do Nosso Tempo"...

Quisera poder traduzir sentimentos que são comuns a todos, mas que nem sempre sabemos como os dizê-los. Falar o quanto que fomos felizes sem sequer compreender isso àquela época. Finalmente não esquecer de dizer, sobretudo, que embora distante daquele período fértil ainda nos sobrará tempo suficiente para relembrar "os anos de ouro" e sermos felizes outra vez. Reafirmo como é maravilhoso poder estreitar este contato e matar saudade com os velhos amigos, em algum restaurante da cidade, algo que fazemos praticamente duas vezes ao ano.