Diario de Pernambuco -
Recife, sábado, 4 de janeiro de 2014
ARTIGO
ARTIGO
No tempo do
nosso tempo
Por Luiz Maia* *Escritor
l.maia@terra.com.br
No Recife, lá pelos anos 60, um grupo
de românticos, sonhadores e adolescentes passou a se reunir numa certa esquina
no bairro de Água Fria, na Av. Beberibe. Mais adiante formaram o que hoje
chamamos de 'amigos (quase) inseparáveis'. Nascia, portanto, a "Turma da
Democracia". Passamos a ser conhecidos em vários locais, amados por uns, odiados
por outros. Quem não se recorda das brigas de 'boca de loca', das sacanagens com
seu Agenor, das injustiças cometidas contra 'tio' Zé? Frequentamos campos de
futebol, a zona do baixo meretrício, os cinemas Olímpia e Império, colégios e
clubes da cidade. Namoramos a valer, às vezes brigamos, amamos e dançamos em
centenas de 'assustados' em companhia das namoradas, ouvindo o som dos Beatles,
Renato e Seus Blue Caps, Os Vips e Roberto Carlos. Cansamos de nos abraçar
comemorando algum feito, uma alegria qualquer, assim como nos abraçamos em
solidariedade à eventual dor do amigo! Saudoso e inigualável "Tempo do Nosso
Tempo".
Nos fins de semana íamos jogar bola, à noite assistíamos ao programa Jovem Guarda, tomávamos um banho correndo para namorar. Tarde da noite a turma inteira se encontrava na churrascaria de Figueiroa, em Esmeraldino ou na Cabana, no Parque Treze de Maio. Quando alguém 'brigava' com a namorada, geralmente seu destino era o Bar de Aurora, local onde desafogava suas mágoas, curtindo a maior roedeira escutando nas vitrolas de ficha as músicas que falavam de amores desfeitos. E haja Waldick na radiola de ficha. Saudoso e inigualável "Tempo do Nosso Tempo"...
Os jovens de hoje não estão tendo o prazer de conhecer uma das mais importantes manifestações do comportamento humano de que já se ouviu falar, o cultivar das verdadeiras amizades. O que morreu não foi a amizade propriamente dita, mas sim a arte de fazer amigos, o ajuntamento de pessoas a gozar a vida de forma natural e espontânea. Deixaram de lado o ar livre, o jogo de bola na rua, a finura no trato com as mulheres, a delicadeza ao se dirigir ao outro, as brincadeiras sadias em meio à natureza dos nossos quintais. Também não podemos esquecer das sacanagens que diferenciavam o comportamento dos verdadeiros democratas. Saudoso e inigualável "Tempo do Nosso Tempo"...
Quisera poder traduzir sentimentos que são comuns a todos, mas que nem sempre sabemos como os dizê-los. Falar o quanto que fomos felizes sem sequer compreender isso àquela época. Finalmente não esquecer de dizer, sobretudo, que embora distante daquele período fértil ainda nos sobrará tempo suficiente para relembrar "os anos de ouro" e sermos felizes outra vez. Reafirmo como é maravilhoso poder estreitar este contato e matar saudade com os velhos amigos, em algum restaurante da cidade, algo que fazemos praticamente duas vezes ao ano.
Nos fins de semana íamos jogar bola, à noite assistíamos ao programa Jovem Guarda, tomávamos um banho correndo para namorar. Tarde da noite a turma inteira se encontrava na churrascaria de Figueiroa, em Esmeraldino ou na Cabana, no Parque Treze de Maio. Quando alguém 'brigava' com a namorada, geralmente seu destino era o Bar de Aurora, local onde desafogava suas mágoas, curtindo a maior roedeira escutando nas vitrolas de ficha as músicas que falavam de amores desfeitos. E haja Waldick na radiola de ficha. Saudoso e inigualável "Tempo do Nosso Tempo"...
Os jovens de hoje não estão tendo o prazer de conhecer uma das mais importantes manifestações do comportamento humano de que já se ouviu falar, o cultivar das verdadeiras amizades. O que morreu não foi a amizade propriamente dita, mas sim a arte de fazer amigos, o ajuntamento de pessoas a gozar a vida de forma natural e espontânea. Deixaram de lado o ar livre, o jogo de bola na rua, a finura no trato com as mulheres, a delicadeza ao se dirigir ao outro, as brincadeiras sadias em meio à natureza dos nossos quintais. Também não podemos esquecer das sacanagens que diferenciavam o comportamento dos verdadeiros democratas. Saudoso e inigualável "Tempo do Nosso Tempo"...
Quisera poder traduzir sentimentos que são comuns a todos, mas que nem sempre sabemos como os dizê-los. Falar o quanto que fomos felizes sem sequer compreender isso àquela época. Finalmente não esquecer de dizer, sobretudo, que embora distante daquele período fértil ainda nos sobrará tempo suficiente para relembrar "os anos de ouro" e sermos felizes outra vez. Reafirmo como é maravilhoso poder estreitar este contato e matar saudade com os velhos amigos, em algum restaurante da cidade, algo que fazemos praticamente duas vezes ao ano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário