sexta-feira, 7 de março de 2014

Feliz dos alienados
Por Luiz Maia

Em uma certa fase da minha vida fui um completo alienado das questões políticas brasileiras. Vivia despreocupado, envolvido com meus próprios interesses. Talvez tenha sido feliz naquela época. A ignorância levava a um alheamento dos fatos negativos que ocorriam no país. Hoje sinto a angústia de quem tem a consciência de que nossa nação está trilhando caminhos tortuosos, seguindo em uma direção temerária, totalitarista. Esta triste realidade interfere profundamente na vida das pessoas, ainda que elas não se deem conta disso.

Posteriormente, passei a me interessar pelas questões sociais, pela política não partidária. Opinava, discutia, trocava idéias, participava, indiretamente, das campanhas eleitorais. E, por fim, votava nos candidatos que me pareciam corretos e honestos em seus propósitos. Não demorava muito porém para perceber que, após eleitos, as práticas eram contrárias às promessas dos palanques. Foi sempre assim. Ao me sentir frustrado em meu engajamento cívico, entendi que o procedimento eletivo não distingue a qualidade dos votos. Quem vota no candidato que oferece uma cesta básica, um saco de cimento ou uma prótese dentária tem a mesma força do eleitor esclarecido, que não se deixa enganar pelos programas eleitoreiros da estirpe do "mais-médico" e "bolsa-família".

Nesse caso há que se perguntar: "qual a representatividade de uma democracia cujo povo elege desqualificados, picaretas, vendilhões da pátria para representá-lo?" Claro que nenhuma! Um tipo de democracia, que termina quando você deposita o voto na urna, não passa de uma grande farsa. Onde impera a ignorância, prospera o político canalha; onde existe miséria, o que prevalece é a lei da sobrevivência. Eu não posso, nem quero calar, diante do que me parece o óbvio.

Após constatar que o sistema político brasileiro vigente é viciado, corrupto por excelência, resolvi não mais colocar os meus pés numa seção eleitoral para registrar o meu voto em qualquer candidato. Cansei de ser enganado. O regime democrático é, ainda, o que mais se aproxima do aceitável. Mas só dá certo nos países evoluídos, onde a população é, em sua maioria, civilizada. Não é o caso do Brasil, habitado, predominantemente, por um povo ignorante, semi-analfabeto, alienado ao extremo, incapaz de compreender as artimanhas daqueles que, encastelados no poder dos cargos que ocupam, causam tanto mal à sociedade, às instituições e à própria democracia.
Claro que vai demorar, mas as pessoas um dia saberão separar o meliante do cidadão.
 
Luiz Maia
Literatura & Opinião! (Blog pessoal)
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Autor dos livros "Veredas de uma vida", "Sem limites para amar", "Cânticos", "À flor da pele" e "Tamarineira - Natureza e Cidadania. Recife-PE

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