sexta-feira, 26 de julho de 2013

Recriar a vida

Por Luiz Maia
 
É inegável que o país atravessa um momento de pobreza cultural e intelectual nunca visto nem imaginado. Isso é um fato. No entanto tem muita gente boa trabalhando, abordando temas sérios, procurando alternativas para melhorar o atual quadro. Existem aqueles que buscam na filantropia um meio de levar um pouco de amor aos mais necessitados. Outros investem parte de seu tempo visitando orfanatos, criando meios para minorar o efeito estufa, pesquisando sementes de grãos mais saudáveis, etc. Mas esses exemplos, infelizmente, não encontram na imprensa a mesma receptividade. Há muita porcaria sendo veiculada diariamente em detrimento de notícias que possibilitem a chance de o homem não perder a fé na vida, não deixar de sonhar e de ter esperança em dias melhores. É preciso acreditar que esse surto de ignorância que tomou conta do Brasil possa um dia ter fim.
Talvez seja essa a causa do silêncio de muitos. Mas às vezes o silêncio que entristece é o mesmo que possibilita a meditação que aponta caminhos. Há muitas cabeças pensantes na sociedade que não cansam de agir. É preciso lutar para começar a mudar a cara deste país. Quem não tem algum sonho escondido debaixo do travesseiro ou guardado dentro de uma gaveta? Sonhos em geral não revelados e que vão ficando velhos e amarelados pelo tempo. Mesmo assim gerações inteiras não desistem de sonhá-los. Felizes os que creem que a vida sem sonho ou esperança perde o sentido. Daí a existência de pessoas que fazem de suas ações ponte para alcançar o outro. Por isso, faz-se um apelo para que o ser humano não deixe de se indignar diante das maldades do mundo, nem pare de praticar o bem que pode. Afinal essa é a única maneira de refazer o mundo, de recriar a vida. É primordial continuar mantendo essa sintonia fina com a natureza que inspira a realizar proezas, mesmo que a imprensa as ignore e esqueça até de registrá-las.


Luiz Maia
Literatura & Opinião! (site pessoal)
luizmaia.blog.br/

É Autor dos livros "Veredas de uma vida", "Sem limites para amar", "Cânticos", "À flor da pele" e "Tamarineira - Natureza e Cidadania. Recife-PE.

"É preciso entender que o sentimento de indignidade é saudável às pessoas. Aquele que pensa no bem estar coletivo se livra do egoísmo que o aprisiona. Colabore você também para que tenhamos um mundo melhor."

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Kibutzim nordestinos

Kibutzim nordestinos
Por Luiz Maia* 
 
*Escritor
 
Enquanto a seca no Nordeste recrudesce, as florestas brasileiras continuam sendo derrubadas. Grandes empresas, em nome do progresso, poluem o ar, rios e mares. A fauna e a flora vêm sendo agredidas sistematicamente, levando à extinção espécies animais e vegetais. O aquecimento global, uma das consequências do desmatamento e da poluição, põe em risco a vida no planeta. A terrível seca, que maltrata o povo nordestino, está intrinsecamente relacionada a essas ações criminosas contra o meio ambiente, mas ao que parece estão todos calados. Muita gente, envolvida em seus problemas cotidianos, não se dá conta de que o mundo está sendo destruído pela ação do homem. São pessoas que não observam a omissão das autoridades públicas na busca de soluções para o centenário problema da seca crônica do Nordeste do Brasil.

Dói na alma saber que os nordestinos continuam entregues à própria sorte. Animais são sacrificados, faltam água, alimentos e ação. Dá pena ver tantos animais morrendo e o sertanejo de mãos atadas, sem nada poder fazer. Enquanto isso a escassez de chuvas já compromete o abastecimento d’água nas capitais. Torna-se evidente a negligência do Estado brasileiro em tratar esta questão com competência e responsabilidade. As ações paternalistas permanecem como a menina dos olhos do governo federal que hoje conta com 39 ministérios e um só projeto de governo: o “Bolsa Família”, copiado do governo Fernando Henrique Cardoso. O que nos entristece é saber que muitos gestores públicos passaram sem adotar um só planejamento, de médio e longo prazo, para o país. Sou leigo no que se refere às interferências nas climáticas no país, mas em Israel o processo foi diferente. Num determinado momento houve vontade política para transformar o imenso deserto em área de agricultura sustentável. Nos kibutzim israelenses encontramos as paisagens mais férteis e bonitas daquele país. Isto só foi possível porque lançaram mão de certa tecnologia capaz de reverter a paisagem árida em agricultáveis, denominadas de kibutzim.

A seca foi detectada no Nordeste pela primeira vez no século XVII. De lá para cá, os Estados Unidos já foram à lua e se preparam para ir a Marte. A seca crônica persiste pelas medidas errôneas ao tentar combatê-la no decorrer dos séculos. No Brasil existem nichos de excelência, pessoas comprometidas com as questões que envolvem a sociedade, gente capaz de levar adiante projetos de tamanha magnitude que possam redimir esta região. Em pleno século XXI, é inconcebível que os gestores deste país fechem os olhos a uma realidade que afronta a dignidade humana. Desenvolver ações que ataquem a estiagem com tecnologia e não com ações apenas emergenciais. O Nordeste necessita de políticas concretas, estimulando o processo de criatividade e de investimentos no setor tecnológico. Se não houver empenho neste sentido, a Região continuará sendo tratada equivocadamente.