sexta-feira, 4 de maio de 2012

Deitado em berço esplêndido

Tudo faz crer que as instituições brasileiras são tomadas de assalto por aqueles que estão no poder. Alguns críticos chegam a afirmar que vivemos numa pseudo democracia, cujas autoridades transformam rapidamente os espaços públicos em "fundo de quintal".


Os inúmeros escândalos nos levam a acreditar que estamos longe de ser um País sério. Aquele que se debruçar sobre a história da política brasileira chegará à conclusão de que a malversação do dinheiro público é uma prática recorrente.


Corrupção, impunidade, falta de decoro, incompetência, entre outras mazelas praticadas por políticos, só colaboram para reduzir o conceito deles. O pior resultado do descaramento crônico é o fato da população pagar altos tributos sem ter a contrapartida nos serviços essenciais como saúde, educação e segurança. A verba que deveria oferecer à população serviços de boa qualidade escorre pelos ralos da corrupção.


O ensinamento que nos é passado é de que o sistema está corrompido e podre. Será que um dia o povo vai ter coragem de ir às ruas cobrar a responsabilidade de quem de direito?


Não sei até onde vai nossa paciência, pois os noticiários nos apontam para uma grave crise moral, política e institucional na qual se encontra mergulhado o País.


Afora algumas boas notícias sobre as finanças que privilegiam os poucos nichos da sociedade, as demais resumem-se em apontar o caos reinante no Brasil.


Fracasso é o sentimento que toma conta de todos nós. Somos uma sociedade fracassada em todos os sentidos. Por sermos egoístas, incompetentes e hipócritas, calamos muitas vezes diante do nível de cinismo que existe entre aqueles que "comandam" a Nação.


A situação chegou a tal ponto de o senador Cristovam Buarque declarar à imprensa que "sente vontade de propor um plebiscito para votar se fechamos ou não o Congresso Nacional". O eminente senador alega que o povo votaria favoravelmente ao fechamento do Congresso. Cristovam Buarque traduziu um sentimento da população.


O povo já cansou da pouca importância de uma instituição sem credibilidade que, além de não representar os reais anseios do povo, tem contra si o desprazer de ver seu nome frequentemente envolvido em escândalos e denúncias de prevaricação. Seguidamente ocorrem exemplos de falcatruas, favorecimentos ilícitos, tráfico de influência, desperdício do dinheiro público além do elevado custo social para seu funcionamento.


Isso sem falar nos projetos corporativistas, uma afronta aos interesses do cidadão. Que o povo seria favorável ao seu fechamento, ninguém tem mais dúvidas. Certamente os cofres públicos, o País e todos os brasileiros ganhariam muito com isso.


Algo precisa ser feito para ressuscitar a esperança de quem sonhou um dia ver um Brasil diferente, imune à corrupção, justo. Digno das pessoas de bem que ainda o habitam. Uma pátria onde se possa colher os frutos de quem trabalha decentemente.
Luiz Maia

http://www.luizmaia.blog.br/http://literaturaeopiniao.blogspot.com/Autor dos livros "Veredas de uma vida", "Sem limites para amar", "Cânticos", "À flor da pele" e "Tamarineira - Natureza e Cidadania. Recife-PE.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Diario de Pernambuco - Recife, quarta-feira, 18 de abril de 2012
ARTIGO

A fábula do beija-flor

Luiz Maia*


Lembra da fábula do beija-flor? Aquele que tentou apagar um incêndio na floresta levando gotinhas de água em seu bico? Pois bem, pelo visto o beija-flor morreu queimado! Às vezes penso que o sonho acabou, que nada fará com que as autoridades reformulem a forma de agir ou de pensar. Imaginar um país decente e próspero, justo para todos, deve ser mesmo bom mas às vezes pode ser frustrante quando a realidade permanece tão longe do desejado. Se não vejamos a falta de seriedade que há num país que tem tudo para dar certo, mas que se ressente da ausência de verdadeiros estadistas. Muitos brasileiros, que se encontram magoados pela vida que levam, questionam se realmente vale a pena sonhar. É que a desilusão por que já passaram os impede de tentar erguer seus castelos. Eles sabem que, em um país que não oferece a mínima estrutura, o inesperado em breve fará ruir por terra toda a esperança por anos acalentada.

Relembro o fato de o Brasil ser conhecido como "o País do Futuro". Este bordão, no nosso entender, parece destinar ao país a credencial de eterno fatalismo. Em parte isso pode explicar a falta de planejamento nos vários governos, a médio e longo prazos. Enquanto isso o país segue dividido entre dois mundos: primeiro é o de um Brasil moderno, apresentando uma população que desfruta de ótimos índices de desenvolvimento humano, cerca de 10% das pessoas. Por outro lado existe um Brasil real, cuja maioria da população sofre todo tipo de infortúnios, recebendo das autoridades a prestação dos serviços básicos sem a qualidade mínima para conferir dignidade ao ser humano.

A cada ano a Receita Federal do Brasil bate recordes de arrecadação, mas ninguém entende a razão de tanto desleixo com a aplicação das verbas para a educação e a saúde públicas, por exemplo.Com relação à educação, a qualidade vem caindo nos últimos anos e muitos estudantes simplesmente desistem de continuar frequentando as salas de aula. Quem tem dinheiro desfruta de boas escolas e de ótimo atendimento médico, igualando-se aos melhores do mundo. Quem não dispõe de condições financeiras está sujeito a ver seus filhos tornarem-se analfabetos funcionais, ou ver um familiar seu morrer nas intermináveis filas de espera para tratamento da saúde, situação constrangedora de causar vergonha. São hospitais sucateados, prédios vazios, ambulâncias quebradas, faltam médicos e um corpo de auxiliares eficientes. Chegou-se ao cúmulo de faltar esparadrapo e algodão nas emergências.

O povo sabe que não tem o direito de ficar doente, pois em matéria de saúde pública o abandono é total. Este descompasso entre dois países é a causa da humilhação porque passam milhões de brasileiros que estão expostos à negligência do falido sistema SUS, ou de uma pseudo educação que não consegue formar ninguém. Resta-nos ainda a fama de sermos o país do "Futebol e Carnaval".

*Luiz Maia
Escritor
l.maia@terra.com.br

sexta-feira, 9 de março de 2012

Preste atenção

Luiz Maia

Conversando com uma amiga sobre os últimos acontecimentos do País, ela demonstrou preocupação com o estado de insegurança que atinge a sociedade e desabafou comigo. Disse-me estar cansada de tudo e que dificilmente assistimos a um ato de justiça no país. Foi mais além ao afirmar que o povo paga uma conta alta demais para poder sobreviver, sem ter a contrapartida do Estado. Do Governo nem é bom falar e os políticos são quase todos fisiologistas. Demonstrou sua insatisfação ao dizer que a maioria dos brasileiros tem boa índole, mas que somos um povo dócil e servil, afeito ao comodismo. Se tivéssemos mais garra, como outros povos, há muito já teríamos mudado o destino do País. E concluiu dizendo-me que dá pena ver um povo mergulhado nas drogas, no futebol, assistindo a BBBs e novelas e metidos na corrupção.

Vejo-me obrigado a concordar com a amiga em seu pertinente desabafo. É uma lástima realmente. Diante dessas evidências poucos crêem que este país venha um dia a mudar pela ação dos políticos. Somente por meio da população unida e organizada há alguma esperança de mudança. Mas é preciso atenção para não sair do sério com este estado de coisas que contagia qualquer um. Foi aí que resovi dizer-lhe alguma coisa. Eu gostaria de ver a amiga pensando diferente. Não a ver angustiada com gente que não merece um aceno seu. Vamos nos indignar, sempre! Mas sem perder o equilíbrio para não adoecer. Quero vê-la saudável, sem estresse ou dores de cabeça para poder em breve rir de um tempo que passou sem que tivesse deixado saudade. Tudo passa. Nada é para sempre. Deveríamos lembrar apenas das coisas boas, dos instantes agradáveis que juntos passamos imaginando chegar um momento feliz. Afinal, precisamos de muita saúde para gozarmos as delícias desta vida. Espero ter convencido minha amiga a tirar por menos certos assuntos sobre os quais não temos controle.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Um Feliz Amanhecer

Luiz Maia

Você que neste momento se encontra indecisa sobre o caminho que deve seguir nesta primeira semana do ano novo, saiba que nenhuma opção foi oferecida a milhares de pessoas mundo afora. Eu gostaria que o sentimento que nos envolveu no Natal e no Revélion pudesse estar presente em nossas vidas durante todos os dias do ano que se inicia. O espírito Natalino de solidariedade e fraternidade deve marcar nossos passos em direção ao outro.

Pensando nisso foi que resolvi convidá-la neste início de 2012 a agradecer a Deus pelas inúmeras bênçãos a que tivemos direito no ano que findou. Agradecer pelas graças imerecidas que foram derramadas sobre nós no decorrer de cada dia. Lembremo-nos dos livramentos que nos foram concedidos por Ele, nos momentos mais difíceis por que passamos em nossas vidas. Segure Sua mão e oremos neste início de semana. Agradeça a Deus pela ventura da vida, pela chance de estarmos vivos. Agradeça pela legião de amigos, pelo perdão dos pecados. Pelas inúmeras possibilidades que nos esperam no transcorrer de mais um ano que começa.

Peçamos ao Pai saúde para a humanidade, coragem para enfrentarmos os obstáculos que porventura apareçam, inspiração para sabermos discernir no momento adequado, além de paciência para compreender quando estivermos errados. Sejamos tolerantes para com aqueles que se apresentam diferentes de nós. Busquemos na sabedoria o entendimento de que precisamos nos despir de todos os egos, da arrogância que muitas vezes nos fazem seres menores do que somos. Sejamos simples, conforme nos ensinou Jesus.

E, para iniciar um Ano Novo Brilhante, nada melhor do que as pessoas seguirem o conselho extraído do Evangelho de Mateus, um dos mais belos da escritura sagrada: “O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas; o homem mau, do seu mau tesouro tira coisas más”.