A viagem
Luiz Maia*
Naquele dia frio, em que a manhã azul se
transformou em cinza, eu retornei para casa
Após os abraços, juntei-me aos amigos, ao meu
irmão e entrei no carro...
Confesso que não quis sequer
olhar para trás...
Quanto mais o carro corria... mais eu pensava em
você...
Pensei na covardia dos meus atos
Na vontade que eu tinha de pegar em seu
braço,
Abraçar o seu corpo e, num demorado e apaixonado
beijo,
dizer ‘amo você’...
Foi minha timidez que impediu de eu dizer bem
alto o quanto a queria bem
Dizer que o nosso amor não morre
Que viverá para sempre abraçado à saudade...
Que vontade de abraçar-te agora,
beijar-te demoradamente, descansar no colo seu
De tanto que a imaginei deslizo minhas mãos por
suas curvas,
Percorro seu corpo em brasa à procura de minhas
mãos...
E quanto mais intimidades descubro, mais encontro
desejos afins...
É o carro seguindo viagem, e eu lembrando a
beleza da menina que se misturava às nuvens de poluição...
Quando a cidade grande amanhece, e o seu sorriso
desperta, já não verás a mim
Não sou eu quem a encontra, não sou eu quem a
abraça, não sou eu quem a espera...
Hoje, apesar da imensa distância, continuo a amar
você
000
Recife, 25/02/2017