domingo, 26 de fevereiro de 2017

A viagem

Luiz Maia*

Naquele dia frio, em que a manhã azul se transformou em cinza, eu retornei para casa
Após os abraços, juntei-me aos amigos, ao meu irmão e entrei no carro...
Confesso que não quis sequer olhar para trás...
Quanto mais o carro corria... mais eu pensava em você...

Pensei na covardia dos meus atos
Na vontade que eu tinha de pegar em seu braço,
Abraçar o seu corpo e, num demorado e apaixonado beijo,
dizer ‘amo você’...

Foi minha timidez que impediu de eu dizer bem alto o quanto a queria bem
Dizer que o nosso amor não morre
Que viverá para sempre abraçado à saudade...

Que vontade de abraçar-te agora, beijar-te demoradamente, descansar no colo seu
De tanto que a imaginei deslizo minhas mãos por suas curvas,
Percorro seu corpo em brasa à procura de minhas mãos...
E quanto mais intimidades descubro, mais encontro desejos afins...

É o carro seguindo viagem, e eu lembrando a beleza da menina que se misturava às nuvens de poluição...

Quando a cidade grande amanhece, e o seu sorriso desperta, já não verás a mim
Não sou eu quem a encontra, não sou eu quem a abraça, não sou eu quem a espera...
Hoje, apesar da imensa distância, continuo a amar você

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Recife, 25/02/2017