Exaltação à
vida
Por Luiz Maia
Ao ler uma matéria sobre
o terceiro milênio fui tomado por uma súbita necessidade de refletir sobre o que
eu já havia vivido e sobre o tempo que ainda me resta. Num primeiro momento as
lágrimas corriam fáceis pelo meu rosto. Mas como evitar as emoções causadas pelo
sentimento iminente de perda? Noutras palavras, eu me sentia como se estivesse a
me despedir da vida, das pessoas, do mundo. São muitas as razões que a vida nos
oferece para sermos felizes, mas só passamos a compreender melhor quando já
somos adultos.
Já tendo passado dos
sessenta anos é natural que o meu tempo por aqui comece a declinar. Isto é o
normal, é a lei da natureza. Entretanto, nunca em toda vida me senti tão bem,
útil, alegre e feliz. Ademais, eu experimento um período rico de plena
inspiração na criação de crônicas que um dia tornar-se-ão livro. Inspiração
capaz de deixar qualquer adolescente com certa inveja. E justo nesta hora em que
eu me sinto de bem comigo mesmo, pressinto os sinais crepusculares da vida a me
chamar como a condenar-me a me afastar dos amigos, da família, da vida, do
mundo...
Nunca amei tanto a vida
como agora e dela jamais abriria mão se tivesse o poder de controlar os efeitos
da velhice. Como dói saber que um dia irei deixar tudo isso. O que será da minha
amada sem ouvir os meus galanteios, sem a minha presença ao seu lado? Eu sei que
eu não suportaria estar muito tempo longe dela. Para que se avalie o quanto que
me custa dizer isso, eu seria incapaz de expressar tal sentimento através da
fala, me faltaria voz. O faço agora por estar amparado pelo recurso do dedilhar
sereno das teclas de um computador, já molhadas pelas lágrimas que não eu posso
conter...
Eu preciso viajar por
estradas de chão batido à procura da sombra das jaqueiras. Comer frutos tirados
do pé. Assistir a um filme de Carlitos. Comer chocolate. Andar de ônibus num
domingo à tarde. Abraçar meus irmãos. Beijar minha mãe mais vezes. Declarar amor
à humanidade. Fazer uma poesia para quem amo tanto. Despedir-me dos vizinhos que
nem conheço. Pedir desculpas a quem de direito. Tomar caldo de cana com pão
doce. Tomar um cafezinho com tapioca. Plantar roseiras. Dar pão a quem tem
fome.
Pintar um quadro a óleo com cores vivas. Pedir perdão àqueles que um dia magoei. Enxergo nas coisas simples o que de mais saboroso e significativo encontramos na vida. Como poderia ser mais fácil viver se tivéssemos a consciência em desfrutar das pequenas coisas que tornam nossa vida mais feliz. No crepúsculo da vida, estaríamos plenos, sem nos preocuparmos com o que não nos foi permitido viver!
Luiz Maia
Literatura & Opinião! (Blog pessoal)
http://literaturaeopiniao.blogspot.com.br/
Literatura & Opinião! (Site pessoal)
http://www.luizmaia.blog.br/
Autor dos livros "Veredas de uma vida", "Sem limites para amar", "Cânticos", "À flor da pele" e "Tamarineira - Natureza e Cidadania. Recife-PE.
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Autor dos livros "Veredas de uma vida", "Sem limites para amar", "Cânticos", "À flor da pele" e "Tamarineira - Natureza e Cidadania. Recife-PE.
"É preciso entender que o sentimento de
indignidade é saudável às pessoas. Aquele que pensa no bem estar coletivo se
livra do egoísmo que o aprisiona. Colabore você também para que tenhamos um
mundo melhor."