Abrilhantando a
vida
Por Luiz Maia
Existiu uma mulher em Vila do Conde que escrevia poesias para presentear os casais apaixonados - ela fazia de sua arte uma razão de vida. Conheci a história de uma mocinha simples, em Santiago do Chile, que dizia descobrir o futuro das pessoas através das cartas de baralho - mas sua intenção era apenas a de plantar esperança no coração dos homens. Um dia eu vi uma jovem pintando lindas telas em Piranhas, cidade situada às margens do Rio São Francisco - seu interesse era levar a cultura de sua gente aos turistas que atravessavam aquele Rio. Sei de muitas mulheres que fazem artesanatos de barro em Tracunhaém - PE, outras que plantam mandioca e depois trabalham nas casas de fazer farinha em Brejão - PE. Atividades de pouca visibilidade que elas exercem, ora por diletantismo, ora para suprir suas necessidades. Todas se consideram felizes, agentes de suas vidas, responsáveis por suas escolhas, realizadas em seus afazeres.
Havia na ABBR, uma
clínica de reabilitação no Rio de Janeiro, um jovem internado de nome Luís. Um
mergulho num rio o deixara tetraplégico, passando a viver com sérias limitações
numa cadeira de rodas. Na clínica ele passou quase três anos, onde fora se
tratar. Um dia precisou retornar à sua cidade, Salvador - Bahia. Não demorou
muito para ele nos escrever. Entre as notícias recebidas, uma chamou-me a
atenção: dizia ele que só agora havia encontrado a felicidade, já que estava
podendo tomar o seu banho embaixo do chuveiro, algo que ele só fazia deitado no
leito do hospital. Em outras palavras, ele passou três anos tentando se
recuperar de um trauma, vindo a descobrir a "felicidade" ao tomar banho de corpo
inteiro, livre como um passarinho. Como pode ser simples ser feliz.
Quantas pessoas reclamam
da vida e não encontram razões para ser feliz. Talvez não percebam que muito do
que lhes acontece é resultado das opções que fizeram na vida. Há quem tenha
escolhido percorrer caminhos mais difíceis, tortuosos. Outros buscaram fora de
si ou em um futuro idealizado a tão desejada felicidade. Esquecem de viver o
presente, de desfrutar das atividades mais simples e cotidianas onde, por vezes,
a felicidade se esconde. Parecem preferir olhar o que lhes falta. Ou talvez nem
ao menos saibam o que desejam da vida e por isto são incapazes de reconhecer a
felicidade que está à sua frente. Seria então a felicidade uma escolha, uma
forma de tecer a vida, de trilhar nossa jornada? Se assim for, só nos resta
optar por ser feliz e prosseguir no caminho que nos levará à satisfação
interior.
Literatura & Opinião! (Blog pessoal)
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Autor dos livros "Veredas de uma vida", "Sem limites para amar", "Cânticos", "À flor da pele" e "Tamarineira - Natureza e Cidadania. Recife-PE.
"É preciso entender que o
sentimento de indignidade é saudável às pessoas. Aquele que pensa no bem estar
coletivo se livra do egoísmo que o aprisiona. Colabore você também para que
tenhamos um mundo melhor."